A Day Trip em Alcobaça

Alcobaça é uma cidade Portuguesa do distrito de Leiria, zona da estremadura, situada num vale na confluência do rio Alcôa com o rio Baça, de onde se acredita ser a proveniência do nome da população, embora existam outras versões… O Município é composto por 13 freguesias, sendo limitado a norte pelo município da Marinha Grande, a sul por Caldas da Rainha, do lado este por Leiria, Porto de Mós e Rio Maior, e a oeste pelo oceano atlântico e município da Nazaré, este último totalmente rodeado pelo município de Alcobaça. É detentor de solos agrícolas férteis, uma das suas mais valias, sendo esta uma zona de excelência na produção de fruta, principalmente maçã e pera-rocha, mas também produtos hortícolas.

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Conteúdos deste artigo

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Para o seu desenvolvimento muito contribuiu o Mosteiro localizado no centro da cidade, erguido em terras doadas por Afonso Henriques aos monges Cistercienses sob a condição destes as arrotearem, o que acabaram por fazer e ainda foram mais além, nelas criaram as “Granjas” e os chamados “Coutos de Alcobaça”… O Mosteiro aqui existente, em tempos longínquos foi considerado o coração da Ordem de Cister em Portugal. Por sua vez a ação dos monges, interrompida em 1834 pela extinção das ordens religiosas, deixou profundas marcas no património da região, mas acima de tudo na paisagem agrícola.

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A história e desenvolvimento económico desta cidade encontram-se intimamente ligados à presença da Ordem de Cister em Portugal e em particular nesta região, refletida no desenvolvimento agrícola através da atividade laboriosa dos monges, principalmente na criação de explorações agrárias, onde foram utilizadas técnicas de cultivo inovadoras(*) com resultados comprovados noutras zonas por eles povoadas. Hoje o empreendedorismo no território continua a ser imagem de marca, Alcobaça mantém-se na vanguarda em produção agrícola, a trabalhar com marcas de renome, e o mosteiro continua a ser um dos principais polos de atração turística da cidade, sendo um dos mais visitados em território nacional.

*uma caraterística desta ordem desde a sua origem.

O conjunto destas caraterísticas e outras da atualidade, despertaram em nós motivação suficiente para um dia exclusivo a calcorrear esta cidade, partilhando neste artigo o que achamos mais relevante, com mais valor histórico e cultural, e o que entendemos destacar da nossa visita.


O que visitar em Alcobaça


Jardim do Amor

Este espaço original e singular evoca o amor entre Pedro e Inês de Castro, é ponto de encontro dos corações apaixonados e um espaço aliciante nas mais diversas formas de amor. Encontra-se situado no vértice da confluência entre os rios Alcôa e Baça, no mesmo local onde se encontra a central elétrica que outrora serviu para iluminar a então vila de Alcobaça – agora um espaço museológico. No muro junto a um dos rios que ladeiam este espaço belo e singelo, existem uns pequenos cofres onde poderá deixar uma dedicatória ou jura de amor à pessoa amada, ou algo escrito por ambos…

O kit do amor é uma iniciativa semelhante aos cadeados colocados em algumas pontes ou memoriais construídos para o efeito, como este que existe em Chaves, mas de forma diferente. Custa 20€ e pode ser adquirido no comércio local em lugares como a Loja do Antero, Florista Trevo, Hotel Dona Inês de Castro, a Casinha dos Montes, Pecados do Abade, etc… inclui um conjunto de amostras com os sabores originais do concelho de Alcobaça, fruta e doçarias, duas chaves e um pequeno papiro onde poderá escrever por palavras o que lhe vai no coração. Segundo informações recolhidas no site do município, os papiros ficam guardados pelo periodo de três anos, data em que os seus autores podem regressar e renovar o cofre.

Jardim do amor

Ruínas do castelo de Alcobaça

À semelhança de muitos outros, o castelo de Alcobaça encontrava-se em posição dominante sobre o povoado, constituindo sobre ele um excelente miradouro. O castelo, ou o que restava dele, foi doado por D. Sancho I aos monges de Cister, tendo dai para cá passado por diversas fases conturbadas. Reconstruído pelos monges, voltou a ser severamente danificado pelo terramoto de 1422, para ser de novo reconstruído e de novo destruído pelo terramoto de 1755. Em 1834 passou para a posse da Câmara Municipal e em 1854 foi considerado extinto, tendo poucos anos antes servido de pedreira para novas construções na vila. Na atualidade a visita às ruínas do castelo não me parecem fundamentais, o espaço mantém-se com reduzido aproveitamento turístico, restando a função de miradouro com vista privilegiada sobre a cidade e o seu mosteiro.

Feira de antiguidades e velharias

No terceiro domingo de cada mês, no recinto em frente ao Mosteiro, até às 17h realiza-se a feira de antiguidades e velharias de Alcobaça, um certame bem frequentado onde vários colecionadores e antiquários da região expõem os seus produtos, fruto da paixão constante pelo colecionismo, por artigos raros e outros objetos dos quais o cidadão comum guarda boas memórias. Independente do gosto pessoal, se a visita a esta cidade coincidir com o dia supracitado, deambular por entre os expositores desta feira é algo a não perder.

Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça

É natural que ao visitar Alcobaça, a visita ao mosteiro seja algo imprescindível e de interesse relevante, talvez até o tenha colocado no inicio da lista. Sendo este o segundo mosteiro construído à ordem de Cister em território nacional,(**) é o que se encontra mais bem preservado e mais perto da cidade capital – Lisboa, possivelmente por ambos os motivos é também o mais visitado. Para tal, devem ser tidas em conta a localização, as generosas dimensões e o seu histórico.

(**) o primeiro encontra-se localizado em S. João de Tarouca

Lá dentro existe muito para palmilhar, embora na atualidade um pouco mais reduzido após cedência da área ocupada pelo Montebelo Mosteiro de Alcobaça Historic Hotel, um dos alojamentos que recomendamos para se instalar aquando uma visita esta cidade. No restante conjunto monástico são destaque a cozinha com a sua imponente chaminé, os claustros, a sala dos reis, o dormitório dos monges e, na parte da igreja, os túmulos de Don Pedro e Dona Inês de Castro. De referir que esta igreja é considerada a maior existente em Portugal. A entrada no mosteiro tem o custo de 10€ por adulto, no entanto à data atual, ao Domingo de manhã a entrada é gratuita.

Challet do Pena – Passos do Concelho

Mandado construir para residência particular, este Chalé românico de construção inspirada na tipologia Suíça e hoje conhecido como Palacete do Pena, era propriedade da família Oriol Pena. Como Francisco Pena não deixou descendentes, após a sua morte a Câmara Municipal adquiriu a Quinta da Gafa, onde o Chalé se encontrava incluído. Em 1948 o edifício foi adaptado para acolher os Passos do Concelho, sendo na atualidade aqui que se encontra o cerne dos serviços municipais, num edifício singular e belo, cuja arquitetura nada tem a ver com os habituais edifícios públicos.

Palácio do Pena – Passos do Concelho

Em área repartida pelos passos do concelho e palácio da justiça encontram-se zonas verdes e algumas zonas de lazer, com espaço para miúdos e graúdos, onde se pode relaxar e estar um pouco em harmonia com a natureza, embora pouco adequados para dias de muito calor, são jardins um pouco abertos à luz natural, mas com zonas de sombra reduzidas. Aqui existe inclusive um parque onde os auto-caravanistas podem pernoitar, próximo dos Passos do Concelho. Junto ao palácio da justiça os lagos artificiais, as pequenas quedas de água e alguns chafarizes, dão algum encanto a este lugar.

Challet Fonte Nova

Construído no século XIX, o chalé Fonte Nova encontra-se edificado no lugar que outrora foi uma quinta com o mesmo nome, terras que no século XVI foram jardins e vinhas pertencentes ao mosteiro. A arquitetura deste chalé é de inspiração Brasileira, veio para Portugal pela mão dos emigrantes que fizeram fortuna no outro lado do Atlântico. Na atualidade o Challet Fonte Nova encontra-se adaptado para Alojamento Local, é um lugar que recomendamos, tanto pela beleza exterior como interior, pelo sossego e espaço envolvente, e pelo seu histórico, constituindo outra excelente opção para se instalar aquando uma visita a esta cidade. Encontra-se classificado com 9,4 na escala do Booking.

Armazém das Artes

O Armazém das Artes é um espaço expositivo polivalente, com capacidade para as mais diversas atividades culturais. Um espaço de intervenção cultural e pedagógico, onde à data fomos encontrar algum entretenimento num grupo de crianças que pela idade estariam nos primeiros anos escolares, e algumas obras de arte expostas, embora em recuperação, onde o visitante poderia subsidiar e apadrinhar alguma, passando desde aí a ficar com direito a conhecer todos os passos que essa obra iria dar nos 10 anos seguintes.

O museu Raul da Bernarda não foi visitado por nós, por isso entendemos fazer apenas uma breve abordagem. Consta-se ter sido a fábrica mais antiga de cerâmica de Alcobaça, fundada em 1875 por um artífice de Coimbra. La dentro encontra-se uma coleção magnífica de cerâmica com peças pintadas à mão que documentam a riqueza da industria da cerâmica de Alcobaça, e um conjunto de vestidos de cena do grupo cénico do Rancho do Alcôa.

Créditos desta imagem: Rui Miguel Pedrosa

Challet Rhino & Percurso Camoniano

Construído numa das margens do rio Alcoa, nos antigos terrenos da cerca do mosteiro de Alcobaça, este chalé é mais um exemplo da arquitetura residencial de estilo românico tardio, destacando-se pelo azul da sua fachada, que quando conjugada com a vegetação envolvente torna impossível não chamar a atenção de quem passa. Foi recentemente adaptado para Centro de Bem Estar infantil, ocupação que na atualidade ainda mantém. Na rotunda junto a este chalé encontra alguma informação referente ao percurso camoniano. Seguindo daqui em direção ao posto de turismo irá passar pelas peças expostas.

O percurso camoniano de Pedro e Inês é uma forma de homenagem à cerâmica artística de Alcobaça através da interpretação do episódio de Inês de Castro do livro Os Lusíadas. Inclui um soneto do mesmo autor e um outro de Miguel Torga. As 10 estatuetas das fábricas participantes encontram-se dispersas ao longo de um segmento do percurso, numa das margens do rio Alcôa, traduzindo em cada peça o universo literário, identitário e simbólico do amor entre D. Pedro I e Inês de Castro, cuja pedra tumular se encontra no mosteiro desta cidade.

Challet da Cova da Onça

A poucas dezenas de metros daqui encontra-se outro chalé, com arquitetura de inspiração Suíça tal como o Palácio do Pena. Trata-se do chalé (ou palacete) da Cova da Onça, igualmente construído na cerca do mosteiro, no qual se destacam as varandas e os alpendres metálicos ricamente decorados. No momento encontra-se a necessitar de restauro e alguma atenção, eventualmente uma requalificação, o que seria bom acontecer entretanto.

Algum do comércio local de Alcobaça

No comércio local decidimos entrar em algumas lojas frente ao mosteiro e, quase somos levados a dizer ser uma zona de entrada e saída “obrigatória” a cada porta que se encontra. Destacamos algumas, entre as quais as Chitas de Alcobaça, tecido de algodão estampado com um padrão muito particular. É originário da Índia e foi trazido para a Europa pelos Portugueses no século XV, acabando por ter grande sucesso tanto na decoração como no vestuário. Carateriza-se por padrões baseados em riscas largas de cores vivas com decoração variada, onde surgem aves, flores, frutas, figuras humanas, pássaros, etc…

Também a casa de artigos em faiança João Lisboa, com peças maravilhosas, algumas das quais já bem antigas e de valor elevado. Este senhor teve a gentileza de nos dar alguma explicação sobre este género de artigos, que se revelou bastante útil para melhorar o nosso conhecimento a respeito.

Ainda sobre o comércio local e, se é uma pessoa que gosta de “adoçar” o apetite, em frente ao mosteiro pode fazer uma “incursão” pela doçaria conventual acompanhada por um saboroso café. Para isso recomendamos a Pastelaria Alcôa, onde a variedade é diversa.

Parque Verde & Centro de Interpretação e Educação Ambiental.

Instalado no Parque Verde, o Centro de Interpretação e Educação Ambiental de Alcobaça é um novo espaço dotado de condições estruturais para a realização de atividades de caráter ambiental, sejam elas de investigação, exposição, formação e informação, e encontra-se em linha com o Parque Verde, uma área requalificada onde se procurou devolver o rio à cidade, dotada de infraestruturas para o pedestrianismo, localizada nas margens do rio Alcôa onde o sol, a terra, a água e a natureza convivem em conjunto.

Museu do Vinho de Alcobaça

Este será provavelmente o museu do vinho mais completo em território nacional. Encontra-se instalado naquela que foi a Adega do Olival Fechado, uma adega moderna para o seu tempo, do século XIX, que à data se considerava equipada com tecnologia de ponta. A iniciativa deste museu surge do Eng. Manuel Augusto Paixão Marques, delegado da Junta Nacional do Vinho.

Museu do Vinho – Alcobaça

Fazem parte deste museu um número considerável de artigos, dos quais se destacam uma generosa coleção de garrafas de vinho, rótulos de garrafas, bombas de trasfega e outros de origem e funcionalidade variada. Neste museu encontra-se inclusive um quadro onde é possível observar um fenómeno curioso, uma “placa de sarro” de espessura generosa, (três centímetros) que se formou ao longo de vários anos dentro de numa cuba vínica em betão.

Consta-se que o acervo museológico deste museu é o mais completo do país na temática vitivinícola, abrangendo vários aspetos relacionados com a produção, tratamento, armazenamento e comercialização do vinho. O Museu do Vinho encontra-se encerrado apenas à segunda-feira. A entrada tem o custo de 4€ por adulto, variando consoante a idade ou se for em grupo. Este é um espaço que recomendamos vivamente visitar, pela nossa parte foi do melhor que visitamos em Alcobaça.

Museu do Vinho

Além de espaço museológico, algumas salas do museu têm servido de palco a outras atividades culturais, nomeadamente exposições, prevendo-se que venham a existir também alguns concertos de índole cultural. À data da nossa visita fomos “presenteados” com uma dessas exposições intitulada A Estrada, de Rui Rasquilho, ex-diretor do mosteiro de Alcobaça, com objetos expostos conseguidos ao longo de vários anos de estradas e caminhos percorridos…, e países visitados.

Algumas das peças em exposição

Quando Visitar, localização e como chegar

Alcobaça fica localizada entre a autoestrada A8 e a nacional N1, a uma hora e meia de Lisboa no sentido norte (por autoestrada). O mar fica a 20 minutos, tendo como praias mais próximas São Martinho do Porto e Nazaré. Partindo de Lisboa recomendo a A8 até à Nazaré e posteriormente o IC9, seguindo as indicações de localização. Caso opte pelo transporte público tem como opção a Rede de Expressos ou o Caminho de Ferro – linha do oeste, saindo em Valado de Frades. Daí até Alcobaça são 10 minutos de táxi.

A visita a Alcobaça pode ser feita em qualquer altura do ano. Recomendo a primavera ou o outono por serem de clima mais ameno. Caso opte pelo verão tem a possibilidade de se refrescar na praia nas horas de maior calor, e para isso recomendo São Martinho do Porto. Nazaré fica mais perto, mas no geral o mar mais agitado e água um pouco mais fria.

Outros lugares que pode visitar na zona


Se necessitar de alojamento em Alcobaça, além das recomendações anteriores acrescento as seguintes:

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