Visitar Caldas da Rainha

Caldas da Rainha é uma cidade portuguesa que se encontra situada naquela que é denominada por zona oeste de Portugal, que engloba os conselhos da Nazaré, Alcobaça, Óbidos, Peniche, Lourinhã, Torres Vedras, Sobral de Monte Agraço, Arruda dos Vinhos, Alenquer, Cadaval, Bombarral, e Caldas da Rainha. Fica a pouco mais de uma hora da cidade capital, sentido norte, e é conhecida pela arte de trabalhar o barro (cerâmica), bem como pelas suas águas termais, cuja descoberta terá ocorrido há mais de 5 séculos atrás durante o reinado da Rainha D. Leonor.

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Conteúdos deste artigo

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Lenda e história das Caldas da Rainha

Reza a lenda que após ter conhecimento dos poderes curativos das águas (sulfurosas) que nesta zona brotavam à superfície, a rainha terá ordenado alto ao cortejo que seguia a caminho da Batalha (localidade) e procurou ela mesmo comprovar a veracidade de tal informação, banhando-se nessas águas uma vez que também ela sofria de uma doença de pele, sendo essa a possível causa de um ferimento num braço que insistia em não cicatrizar. De acordo com a lenda a rainha terá ficado curada e daí resulta o nome Caldas da Rainha, embora esta lenda se pareça mais com uma história de encantar.

Após essa descoberta ordenou a construção de um hospital termal naquele lugar e, para apoia-lo, fundou um pequeno povoado com cerca de 30 habitantes. Bastaram poucos anos para Caldas da Rainha passar de pequeno povoado ao estatuto de vila, o que veio acontecer em 1511, embora o mesmo não tenha acontecido com o concelho cujo inicio se deu apenas em 1821.

No século XIX, época áurea por toda a Europa para as estâncias termais, as Caldas da Rainha não foram exceção e, beneficiando da proximidade que se encontra de Lisboa, a capital do país, acabou por se tornar o local termal de eleição da classe abastada. O crescimento demográfico vivido no século XIX prosseguiu e em 1927, a vila é elevada a cidade.

Ao chegar a Caldas da Rainha, dentro de pouco tempo vai aperceber-se da importância que teve para esta cidade a personagem Rafael Bordalo Pinheiro, uma figura de referência na cultura portuguesa, que se tornou célebre pelas peças em cerâmica por ele projetadas, não apenas loiça ornamental mas também caricaturas em cerâmica que se tornaram famosas pela sua representatividade, tendo sido o autor do Zé-Povinho, ainda hoje bem popularizado entre nós. Em sua homenagem a câmara municipal de Caldas da Rainha criou a rota bordalina dedicada a Bordalo Pinheiro, um percurso que deve ser percorrido a pé e que leva os visitantes à descoberta de várias peças espalhadas pela cidade e, por consequência, à descoberta da própria cidade.

A riqueza do seu património arquitetónico, a cerâmica, a gastronomia e a doçaria típica de origem conventual, são alguns dos atrativos desta cidade. Na cerâmica o destaque vai para a louça utilitária e ornamental, conjuntos de design simples para uso diário e outros de inspiração naturalista, onde predomina a cor verde inspirada em folhas de couve, folhas de alface, peixes, fruta, etc… Acredita-se que uma das causas da produção de cerâmica em Caldas da Rainha tenha emergido, não só da existência de argila em abundância por estas bandas, mas também pela necessidade do abastecimento de água no Hospital Termal, nomeadamente o abastecimento de vasilhame diverso e recipientes vidrados. Além da cerâmica ornamental e útil existe também a “outra”, peças típicas inspiradas em motivos fálicos, que se tornaram tão famosas como a figura do Zé-Povinho.

Na gastronomia destacam-se a doçaria, nomeadamente as trouxas, as lampreias de ovos e as famosas cavacas, uma referência singular da riqueza e da identidade cultural desta cidade.

Sendo esta uma zona de terras férteis e argilosas (terras fortes), esta zona destaca-se também pela agricultura da região, principalmente árvores de fruto. Na cidade existe um mercado denominado por mercado da fruta que se realiza diariamente e ao ar livre, na Praça da República, um mercado com produtos regionais, nomeadamente fruta e legumes, sendo o único no país com estas caraterísticas que se realiza diariamente.

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Quando visitar Caldas da Rainha

A visita a Caldas da Rainha pode ser feita em qualquer altura do ano, tomando as precauções adequadas consoante a época. No entanto a nossa recomendação vai para os meses de verão uma vez que o calor que possa fazer nessa altura não é de todo desconfortável para visitar esta cidade. As ruas e as zonas verdes proporcionam sombra suficiente ao ponto de não existirem problemas de maior com a desidratação, além disso, nesta cidade os meses de verão permitem momentos de lazer não disponíveis nos meses mais frios, como por exemplo um pequeno passeio de barco no lago do parque D. Carlos I. Falo-vos da experiência que vivenciamos, viemos a primeira vez a um Domingo de fevereiro e ao fim do dia regressamos com a sensação de que ficou muito por conhecer. Como somos de perto regressamos em agosto e, além deste mês ter os dias “maiores” o passeio acabou por ter outro encanto, mas para visitar esta cidade sem correrias, recomendamos que reserve pelo menos dois dias e para isso poderá ter de reservar alojamento.

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Como se deslocar em Caldas da rainha

Tendo em conta a localização dos pontos de interesse turístico, diria que para se deslocar por aqui não precisa transporte nenhum especifico, exceto se for pessoa com limitações motoras ou com dificuldade acentuada em caminhar. Recomendamos que ao longo da visita vá fazendo algumas pausas nas tasquinhas ou pastelarias locais, e aproveite para provar as doçarias típicas desta cidade mencionadas anteriormente.

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A nossa visita a Caldas da Rainha

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Dizer por onde começar não é fácil, vai depender do tempo que leva disponível, da hora, e do lugar onde estacionou, caso tenha ido em transporte próprio.

Pavilhões do Parque D. Carlos I

O parque D. Carlos I oferece momentos de laser únicos a quem o frequenta, não apenas aos habitantes locais, mas a todos quantos visitam esta cidade. É um dos locais preferidos para registo fotográfico e o cenário de uma da imagem que se tornou viral e emblemática para Caldas da Rainha, muito por conta da partilha nas redes sociais…, aquela que é captada com aquele imponente edifício como pano de fundo, voltado para o lago e atualmente ao abandono, onde foram as instalações da Escola Técnica Empresarial do Oeste e outras instituições. Ao entrarmos pela primeira vez no parque é difícil este edifício passar-nos despercebido, a imponência da sua arquitetura é tal, que já houve quem o comparasse a Hogwarts, a escola de Harry Potter. Na sua origem esteve a intenção de construir ali um hospital termal que desempenhasse também as funções de hotel. Deixado ao abandono desde 2005, restam atualmente os vidros partidos, as portas em madeira deformadas e a apodrecer por falta de manutenção, as salas inundadas de papelada à qual já ninguém liga…, e o desastre de um projeto que nunca chegou a desempenhar as funções para as quais foi concebido.

A história dos pavilhões do Parque Dom Carlos I deve-se a Rodrigo Maria Berquó, um engenheiro e arquiteto de origem açoriana, que fazia parte da elite nacional e que chegou à vila em 1888 para assumir a direção do estabelecimento das águas da cidade, o Hospital Real. Além da administração do Hospital Real das Caldas da Rainha, Rodrigo Berquó foi também chamado para coordenar a recuperação do antigo Passeio da Copa, o jardim que atualmente é conhecido por Parque D. Carlos I. Como Rodrigo Berquó era ambicioso, procurou transformar o espaço num parque de estilo inglês que fosse uma referência tanto em Portugal como no estrangeiro, onde em seu entender assentava bem um hospital termal rodeado de amplas zonas verdes, que ao mesmo tempo desempenhasse também as funções de hotel, uma ideia que lá fora fazia sucesso. Boa parte dos Caldenses é que não receberam bem a ideia e à data, até Bordalo Pinheiro foi um dos críticos, dedicando-lhe alguns “mimos” na revista humorística “O António Maria”. Rodrigo Berquó chegou à então vila das Caldas da Rainha com 49 anos, vindo a falecer com morte imediata aos 57 anos, de ataque cardíaco. Com a ausência do seu mentor e o orçamento ultrapassado, a liderança seguinte decidiu concluir a obra na fase em que se encontrava. Os pavilhões não acabaram inutilizados, mas nunca chegaram a desempenhar o papel para o qual foram construídos.

Céu de Vidro – Ligação entre o parque D. Carlos I e o hospital termal

Ao longo dos anos o edifício serviu várias instituições, até que em 2005 saiu o último inquilino, desde aí encontram-se abandonado. Quanto a Rodrigo Berquó, se no seu tempo foi (aparentemente) um homem mal-amado, hoje é visto pelos Caldenses como um herói…, um homem com visão futura.

Hospital Termal

A existência de nascentes de água termal nesta zona foi o motivo pelo qual este hospital termal foi construído. Foi concluído por volta de 1488 e recebeu o nome de hospital de Nossa Senhora do Pópulo. É considerado o primeiro hospital termal a existir e é por isso o mais antigo do mundo, contando já com cinco séculos de existência. Foi construído sobre cinco nascentes de água termal que curam doenças do aparelho respiratório, doenças reumáticas e músculo-esqueléticas. Trata-se de água que precipita na Serra dos Candeeiros e que, ao longo do seu percurso vai sofrendo um processo de mineralização, emergindo à superfície neste local rica em minerais. É possível fazer uma visita às instalações, no entanto essa não foi uma experiência vivenciada por nós, na primeira vez por falta de tempo e na segunda por outras prioridades que levamos para a visita.

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Cerâmica, Faianças e Rota Bordalina

Apesar de apresentar algumas tradições na arte da cerâmica, só no século XIX é que Caldas da rainha conquistou o seu estatuto. Para tal muito contribuiu o mecenato real nas pessoas da rainha D. Maria II e D. Fernando II, que estimularam o talento do ceramista Manuel Cipriano Gomes que, em 1843, adquiriu a oficina de D. Maria dos Cacos e iniciou uma florescente produção cerâmica. Aproveitando este impulso, houve outras fábricas sediadas nesta região que se desenvolveram.

Loja da Fábrica

Uma vez aqui, junto às termas, decidimos fazer uma visita à Loja da Fábrica, um lugar que aqui em Caldas da Rainha se considera de visita obrigatória, ou não fosse o seu histórico na confeção de peças em cerâmica. Atualmente a Bordalo Pinheiro é pertença do grupo Visabeira, o mesmo detentor da Vista Alegre, podendo a marca ser comprada em qualquer uma das 30 lojas espalhadas pelo país, mas aqui na loja da fábrica a Bordalo Pinheiro impera sozinha, não só na louça utilitária, mas toda a fantasia que nos faz apaixonar pela marca. Desde peças meramente decorativas como as andorinhas e as sardinhas, às mais utilitárias: Pratos, chávenas, terrinas, travessas, pires, jarras, canecas, etc.

Loja da fabrica de cerâmica Bordalo Pinheiro

Museu da Cerâmica

Fazer visita a museus não é o nosso forte, salvo algumas exceções, as quais abrangeram o Museu da Cerâmica desta cidade e daí, a decisão de o visitarmos. O museu situa-se na antiga quinta Visconde de Sacavém, alguns metros mais acima seguindo a rua onde se encontra a loja da fábrica, instalado num antigo palacete de três pisos que foi remodelado com vista a acolher o museu. Lá dentro verdadeiras obras de arte fazem a delícia de quem o visita. Os jardins da quinta, com os seus canteiros e floreiras de traçado romântico, constituem um cenário que remonta ao gosto do final do século XIX.

Palacete Museu da Cerâmica

De realçar as decorações cerâmicas que ornamentam o palacete: Painéis de azulejos, elementos cerâmicos da arquitetura da época, gárgulas em forma de dragão ou de javali, frisos e cercaduras que se vêm nas fachadas e se aliam aos painéis de azulejo, e a estatuária que se encontra neste espaço.

Rota Bordalina

Percorrer esta rota será provavelmente a melhor forma de conhecer a cidade.

A Rota Bordalina oferece aos visitantes uma forma aliciante de conhecer Caldas da Rainha. Fazem parte deste percurso vários elementos cerâmicos que caraterizam a obra deixada por Bordalo Pinheiro, entre eles algumas peças à escala humana, outras em tamanho reduzido e outras em dimensão exagerada, como é o caso da rã que se encontra na rotunda em frente à estação dos caminhos de ferro, medindo cerca de 1,4 metros de altura. Quando Bordalo Pinheiro se deslocava a Caldas da Rainha vindo de Lisboa fazia-o de comboio, entrando na cidade precisamente aqui neste local (estação da CP), por esse motivo este ficou marcado como ponto numero 1 da rota.

Rota Bordalina – A ama das Caldas da rainha

Pensada para ser percorrida a pé, a roda bordalina oferece aos visitantes um percurso que passa por vários pontos de interesse turístico relacionados com o artista e o seu trabalho. Fazem parte deste percurso elementos cerâmicos como: a Saloia, a Ama das Caldas, o Padre Cura, o bem conhecido e popularizado Zé-Povinho, rãs, gatos, sardões, macacos…, e outros elementos característicos da estética bordalina que foram espalhados pelas ruas da cidade em vitrines, fachadas de prédios, e até pendurados em árvores.

Ler um pouco sobre a vida de Bordalo Pinheiro também faz parte da rota, tal como admirar os painéis e fachadas em azulejo…, ou as placas toponímicas desta cidade, sendo estas últimas o elemento cerâmico que mais gostei.

Arte Nova em Caldas da Rainha

Uma vez que falamos em fachadas de edifícios, sugiro que vá fazendo você mesmo o seu próprio roteiro pela Arte Nova aqui de Caldas da Rainha, e se ela é rica…

A arte nova surgiu em Portugal no início do Século XX e espalhou-se um pouco por todo o país, embora de forma mais acentuada em algumas cidades onde se inclui Caldas da Rainha. A sua estadia foi bastante rápida, tendo-se iniciado em 1905 e terminado 15 anos mais tarde. O estilo modernista tinha como objetivo modificar e estar mais presente em janelas, portões, gradeamento de varandas, ornamento de portas, fachadas…, e outras semelhantes.

Na pintura e cerâmica este estilo também deixou as suas marcas, sendo exemplo disso as fachadas azulejares que encontramos nesta cidade. Em Caldas da Rainha a arte nova é basta e bem visível ao olhar de qualquer visitante, ela encontra-se presente na zona mais antiga da cidade em quase todas as ruas por onde passa, não requer roteiro específico. É caraterizada principalmente por gradeamentos em ferro fundido com decorações florais, fachadas em azulejo, e mercenária ornamental em portas e janelas.

Para apreciar a arte nova nesta cidade basta seguir a rota bordalina e ir contemplando o que vai avistando ao longo do percurso, e não se esqueça aqui e ali ir entrando e experimentando a doçaria tradicional de Caldas da rainha, pode aproveitar para aprender um pouco mais sobre a cidade no contacto de proximidade com as suas gentes.

Arte Urbana

Em Caldas da Rainha a Arte Urbana também se encontra bem presente, com obras de arte bem conseguidas. Definido por Normam Mailler (*), como ”uma rebelião tribal contra a opressora civilização industrial” e, por outros, como “violação, anarquia social ou vandalismo puro e simples”, o grafite saiu do seu gueto e das ruas das galerias e museus de arte, instalando-se em coleções privadas e cobrindo com seus rabiscos as mais variadas fachadas e muros, ou outros elementos semelhantes, onde o grafiteiro dá cor à sua arte.

(*) reputado escritor e jornalista premiado duas vezes com o prémio Pulitzer

Normalmente distingue-se o grafite, de elaboração mais complexa, da simples pichação, quase sempre considerada como contravenção. A partir do movimento contra cultural de maio de 1968, quando os muros de Paris foram suporte para inscrições de carácter poético-político, a prática do grafite generalizou-se pelo mundo em diferentes contextos, tipos e estilos, que vão do simples rabisco ou de tags repetidas, como uma espécie de demarcação de território, até grandes murais executados em espaços especialmente designados para tal, ganhando estatuto de verdadeiras obras de arte. Os Grafites podem também estar associados a diferentes movimentos e tribos urbanas, como o hip-hop, e a variados graus de transgressão…

Na atualidade considero existir três tipos de Grafite: Letras ou rabiscos pintados em qualquer superfície; Pinturas de elaboração mais complexa feitas à margem de qualquer autorização do espaço escolhido pelo grafiteiro;… e recentemente obras mais elaboradas em fachadas de edifícios, recorrendo para isso à contratação dos serviços do grafiteiro.

Estação dos caminhos de ferro

Tendo em conta os problemas de comunicação com que Caldas da Rainha se deparava até à transição para o século XIX, muitos foram os esforços realizados no sentido de resolver esta situação. Foram necessários largos anos para que a solução deste problema pudesse ver a luz do dia, o que veio a acontecer em junho de 1887 com a chega do primeiro comboio à então vila de Caldas da Rainha vindo de Leiria. Até essa data chegou a existir serviço de transporte de passageiros juntamente com a mala do correio, era conhecido por mala-posta, ou diligência. Constituía-se por uma “carruagem” puxada por duas parelhas de cavalos, que eram mudados várias vezes em percursos longos. Era transporte ao estilo do oeste Americano embora um pouco mais moroso. Como referência, na década de 1820 o serviço de mala-posta entre Lisboa e Caldas da Rainha demorava 9:30 horas, 3,5 para o barco a vapor que subia Tejo acima até Vila Nova da Rainha – Carregado, e o restante tempo para a diligência no percurso até Caldas da Rainha.

As paredes exteriores da estação (lado da linha) encontram-se parcialmente revestidas por painéis de azulejos produzidos em 1924 pela fábrica Aleluia em Aveiro, representando os retratos da Rainha D. Leonor, de Rafael Bordalo Pinheiro, e de vários marcos da cidade e da região. Com a inauguração da linha férrea, Caldas da Rainha ficou a cerca de cinco horas de Lisboa, tempo mais reduzido e transporte mais cómodo face às opções que havia na altura. Desde a entrada ao serviço a 1 de Agosto de 1987, data que coincidia com o início da época balnear termal, a procura do público começou por ser muito elevada, originando alguns problemas iniciais. A estação dos comboios é um local de visita a não perder, que combina o charme de uma antiga estação ferroviária, com arte e história da cidade e da região.

Mercado da fruta

A existência da Praça da Fruta em Caldas da Rainha já conta centenas de anos. Segundo a lenda, terá sido a Rainha D. Leonor, a mesma que mandou construir o hospital termal, que ofereceu este espaço aos agricultores da região para aí poderem vender os produtos por eles cultivados às pessoas que vinham de fora fazer tratamento nestas águas termais. Acredita-se que a sua existência remonte ao século XV, funcionando até aos dias de hoje no local primitivo, sendo atualmente o único mercado de fruta e produtos hortícolas a céu aberto que funciona diariamente.

A praça da fruta dispõe de um tabuleiro de calçada portuguesa datado de 1883, requalificado recentemente no âmbito do orçamento participativo, ao qual se juntam alguns exemplares da arquitetura de Caldas da Rainha com destaque para as fachadas revestidas a azulejo. Independente da altura do ano, numa visita a esta cidade este é um local a não perder.

Chafariz das cinco bicas

Este é o mais imponente chafariz de Caldas da Rainha, destacando-se pelas dimensões do aparato cenográfico das volutas, e das bacias por onde a água escorre em cascata, a que se deve juntar o numero de bicas, cinco no total tal como o nome indica. De acordo com as inscrições presentes, as bicas são uma alusão às sete plêiades, uma temática da mitologia clássica conforme era habitual na iconografia barroca presente na arquitetura relacionada com água. Neste chafariz, o reconhecimento do Rei encontra-se na fita com a inscrição em latim alusiva às plêiades: “coeli beneficio salubriu regis munificiencia prereniu plieadum que aliae quinque, sat unde bibas” – “pelo beneficio do céu, pela magnificência salutar do rei, pelos pleitos das planícies, mais do que outros cinco de onde poderás beber “.

O espaldar é formado por um nicho em arco de volta perfeita, flanqueado por duas pilastras, a última das quais com um vaso no remate, elemento que se repete no eixo do arco, sobre a grinalda que o envolve. Duas volutas de grande dimensão prolongam lateralmente o alçado. O nicho acolhe três taças escalonadas, decoradas por acantos e outros temas vegetalistas, e dispostas de forma a que a água, saindo da bica superior, caia em cascata pelas outras.

Admirar a estátua da dupla – Bordalo Pinheiro e ZéPovinho

A cidade das Caldas da Rainha, reconhecida pela UNESCO como cidade criativa de Artesanato e Artes Populares desde 2019, é hoje uma referência no panorama artístico nacional e, reconhecendo o seu histórico, a câmara municipal decidiu homenagear uma das personagens que fez história nesta cidade, Rafael Bordalo Pinheiro. No ano de comemoração dos 175 anos do seu nascimento (2021), a autarquia homenageou o consagrado artista português com a companhia de um dos seus personagens mais icónicos, Zé Povinho.

Parque D. Carlos I

O parque D. Carlos I, antes Jardim da Copa, era um jardim romântico repleto de natureza que se destinava acima de tudo à recuperação da saúde dos termalistas, onde os doentes podiam passear e desfrutar do efeito calmante que o parque oferecia. No entanto, no final do século XIX o parque mudou radicalmente pela mão do arquiteto Rodrigo Berquó, tornando-se num verdadeiro espaço de lazer que incluía um lago artificial central, alamedas, coreto de música e até vigilância policial, atraindo muitos visitantes de todo o país.

Para o seu alargamento foi necessário utilizar não apenas o terreno de cultivo do próprio Hospital, mas também expropriar alguns terrenos inicialmente destinados a uma urbanização, o que na altura causou polémica. O parque de Rodrigo Berquó definia-se como uma paisagem do Romântico, algo que na altura se encontrava em moda pela Europa, valorizando o sentimentalismo e o naturalismo. Remodelado em 1950, o Parque D. Carlos I acabou sendo ampliado, passando a incluir o Museu José Malhoa e um restaurante-bar.

Passadas décadas, a grande maioria das caraterísticas de outrora mantém-se, como é o caso do lago, das alamedas e do coreto…, a par com o estilo naturalista e romântico ainda presentes na atualidade. Este parque é hoje o principal ponto de visita e o local de passagem obrigatória que mais se destaca numa visita a Caldas da Rainha, logo seguido da rota bordalina e do colorido mercado da fruta.

O Parque D. Carlos I, continua hoje a oferecer aos visitantes a tranquilidade, o relax, a paz e o romantismo de outrora. As suas imponentes alamedas, a variedade arbórea, a fauna e flora, os passeios no lago nas pequenas embarcações, a estatuária diversa espalhada pelo parque, fazem deste um lugar singular e único. A juntar ainda o club de ténis, o parque infantil, e a casa dos barcos, este ultimo um espaço que tem vindo a acolher diversas exposições de artistas Caldenses.

Localização

Tal como indicado no inicio deste artigo, Caldas da Rainha encontra-se naquela que é conhecida por “zona oeste”. Uma das melhores formas de chegar a Caldas da Rainha é fazer uso da autoestrada e apanhar a A8. Tem como opção a linha do caminho de ferro, neste caso a linha do oeste, a mesma que Bordalo Pinheiro usava quando se deslocava entre Lisboa e Caldas da Rainha.

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Outros locais de visita

  • Museu José Malhoa, inserido no parque D. carlos I
  • Museu do Ciclismo
  • Museu Barata Feyo
  • Museu Leopoldo de Almeida
  • Atelier Museu António Duarte
  • Igreja de N. Senhora do Pópolo (esteve em obras recentemente)
  • Museu do Hospital
  • Mata Dona Leonor
  • Jardim da Água (um pouco desprezado atualmente)

Em ambas as vezes que nos deslocamos a Caldas da Rainha almoçamos no restaurante e snack-bar Termas Café, um espaço com preços em conta e comida bem servida. Fica próximo do chafariz das 5 bicas.

Este artigo não podia terminar sem uma foto que atualmente tanto populariza a cerâmica artesanal de Caldas da Rainha.

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Bem Haja…

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