Flor das Amendoeiras
Estamos em finais de fevereiro e com frio típico da época, as amendoeiras em flor anunciam o final do inverno e a chegada da primavera. As encostas do nordeste transmontano enchem-se de um colorido único onde se destacam as cores branca e rosa da flor das amendoeiras. Esta é uma boa ocasião para visitar esta zona, nomeadamente a zona formada pelas povoações: Vila Nova de Foz Coa, Torre de Moncorvo, Freixo de Espada à cinta e Figueira de Castelo Rodrigo.
Partimos à descoberta desta zona e no percurso que nos levou até la devo realçar uma das estradas que dizem ser das mais bonitas de Portugal, nomeadamente o troço compreendido entre a cidade da Régua e a vila do Pinhão. Estou a falar da N222, mas o início mesmo foi em Gouviães, uma aldeia do concelho de Tarouca e de onde eu sou natural.
Se levar algum tempo disponível, neste percurso não deixe de incluir Lamego no seu roteiro, além da cidade propriamente dita, o santuário de N. Sra. dos Remédios apresenta-se como cartaz de visita. A subida requer algum esforço, mas não deixa de ser aliciante, e la do alto tem visão quase completa sobre toda a cidade. Ao longo da subida pode admirar o trabalho escultórico em pedra feito por antigos profissionais do ofício, verdadeiros artesãos cujas capacidades lhes permitia fazer trabalhos sem necessidade de correções.
De Lamego até à Régua tem duas opções, uma das quais inclui uma parte da N2, alerto, no entanto, que nos cerca de 12 km deste troço irá apanhar mais de 120 curvas e algumas delas bem fechadas. Como opção tem a A24 e, se sair na saída para Valdigem não tem custos de portagem. Seguindo este percurso irá passar uma zona de rochedos escarpados junto à barragem do Varosa, local onde decorreram algumas captações de imagem para o filme “velocidade furiosa”.
Ao avistar a cidade da Régua encontra uma rotunda, sai na segunda saída e logo de seguida vira à direita para entrar na famosa N222. Ao longo dos próximos 27 km irá ter o rio Douro como companhia e na outra margem, uma parte da linha do Douro. Se levar algum tempo, pode fazer um pequeno desvio e subir a um dos miradouros mais belos do Douro e uma das seis vistas mais bonitas do mundo, segundo a BBC.
Retomando a N222, até chegar a S. João da Pesqueira existe outro miradouro fabuloso, o miradouro do Frei Estevão, um local onde existe um constante pára e arranca e de onde se avista um dos cenários mais bonitos do Douro, que ilustra porque toda esta área foi considerada património mundial da humanidade na categoria de paisagem.
Por aqui a estrada é cheia de curvas e contracurvas, mas a vista é soberba…
Em S. João da Pesqueira fizemos uma breve pausa, tempo suficiente para um café matinal, para de seguida começarmos a avistar o que nos trouxe até cá, as amendoeiras em flor. A grande maioria delas ainda necessitava de alguns dias para florir, por isso a nossa recomendação vai no sentido da visita se efetuar entre 26 de fevereiro e 5 de março. Outras já se encontravam completamente floridas, principalmente as que se encontram situadas nas encostas mais voltadas ao sol.
Terá sido no percurso entre S. João da Pesqueira e Vila Nova de Foz Côa que encontramos a maior quantidade já florida.
Uma visita a esta zona nesta altura é sempre uma boa aposta, os municípios acima mencionados dispõe de várias atividades que se prolongam por vários dias para celebrar as amendoeiras em flor.
Há mercados regionais com produtos exclusivos desta zona, espetáculos musicais com artistas convidados, programas gastronómicos em restaurantes aderentes, exposições e convívios alegóricos ás amendoeiras, caminhadas com rotas traçadas pelas zonas mais povoadas de amendoeiras, raids TT, passeios de BTT, encontros motard,…a juntar a um sem numero de outras coisas que pode fazer por aqui disponíveis ao longo de todo o ano, como por exemplo visita ao património histórico da região.
Partindo de Vila Nova de Foz Côa, até chegar a Torre de Moncorvo é um saltinho, pelo meio apenas a localidade do Pocinho e a barragem com o mesmo nome. Já em terras Transmontanas seguimos em direção a Freixo de Espada à Cinta, conhecida como a vila mais manuelina de Portugal, uma das vilas que faz parte da rota das “amendoeiras em flor”.
Durante alguns quilómetros a estrada segue ao lado daquela que foi a linha do Sabor, (caminhos de ferro) uma linha de via estreita, atualmente desativada, que fazia ligação do Pocinho, na linha do Douro, à localidade de Duas Igrejas nos arredores de Miranda do Douro. Ao longo desta parte do percurso não é difícil imaginar o quanto seria maravilhoso ver as amendoeiras em flor a partir das janelas das antigas carruagens, e ouvir o silvo do comboio cruzando os amendoais e estas encostas de baixo relevo. À data a circulação de transito é reduzida, como já seria de esperar por estas bandas.
Seguindo em direção ao último município da rota programada atravessamos de novo o rio Douro na localidade onde se situava a última estação da linha do caminho de ferro antes de entrar em território Espanhol, a estação de Barca de Alva, atualmente também ela desativada e onde começa um dos percursos pedestres mais badalados dos últimos tempos conhecido pela rota dos túneis.
Aqui e ali as amendoeiras já floridas vão-se mostrando, embora ainda um pouco cedo tal como admitido anteriormente. Ao chegar a Figueira de Castelo Rodrigo concluímos que foi na primeira e na última parte do percurso que encontramos a maior quantidade de amendoeiras já floridas, por aqui elas foram uma constante ao longo das estradas percorridas, diminuindo à medida que nos aproximávamos do rio Côa.
Se for sua preferência as planícies do sul, veja um artigo sobre as Amendoeiras em Flor em terras Alentejanas. No regresso pode colocar na sua rota Salvaterra de Magos, ou visitar algumas das Aldeias Avieiras, uma cultura com formas de vida muito particular cuja história é desconhecida pela maioria da sociedade.
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Bem Haja…
