Visitar Chaves

Escrever sobre Chaves, é ser mais um a repetir o que já se encontra divulgado por aqui em diversos blogues pessoais, mais ou menos completos consoante o empenho de cada um. Chaves é uma cidade raiana, situada no centro norte de Portugal, a poucos minutos da fronteira com o país vizinho – Espanha. Dista cerca de 170km do Porto e 85km da Régua pela A24, cidades com o aeroporto e estação do caminho de ferro mais próximas. A origem desta cidade remonta ao tempo da pré-história, embora a sua relevância esteja mais associada à invasão da península ibérica pelos romanos, que se instalaram no vale do Tâmega no local onde hoje se encontra a cidade.

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Conteúdos deste Artigo

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Alguns pontos da história Flaviense

A importância geográfica deste núcleo urbano era tal, que desde cedo foi elevado à categoria de município, no ano de 79 d.C. quando Tito Flávio Vespasiano dominava como primeiro imperador da dinastia Flaviana, de onde advém a antiga designação dada ao povoado, Aquae Flaviae – Águas Flávias, águas reconhecidas por este imperador com poderes terapêuticos e por isso usadas pelos romanos desde a sua descoberta, como comprova o balneário termal romano recentemente descoberto no Largo do Arrabalde. Terá sido também o nome do imperador que deu origem ao adjetivo Flaviense, atribuído à cidade de Chaves e aos seus habitantes.

Chaves é uma cidade encantadora, famosa pelas suas águas termais e pela sua história como reduto defensivo face à proximidade com a fronteira. Como exemplo, foi aqui que as tropas invasoras Francesas sofreram a sua primeira derrota em solo Português. A sua importância e valentia na defesa do território a norte fez com que fosse descrita como as “chaves do reino”, acreditando-se ser esse o motivo pelo qual lhe foi atribuído o nome que perdura até hoje – Chaves. Hoje é uma cidade agradável de visitar, com tradições e cultura transmontanas, com qualidade gastronómica e com um legado histórico e monumental de valor considerável.

Localização geográfica de Chaves

Chaves é uma cidade situada aproximadamente no ponto intermédio entre o Parque Natural da Peneda-Gerês e o Parque Natural de Montesinho, a que se deve juntar a maior mancha de castanheiros existente em Portugal também conhecida por Soutos da Padrela. Usufrui de águas minerais e termais provenientes de nascentes localizadas na zona de uma falha tectónica, a mesma de onde brotam as águas termais de Pedras Salgadas, de Vidago, ou das termas do Carvalhal situadas ligeiramente a sul de castro Daire.

Parque do Tabolado “laços de amor(escultura dedicada aos namorados)

Chaves é também o ponto de início da maior estrada nacional de Portugal, a nacional Nº2, que divide verticalmente a país ao meio terminando na cidade de Faro, no Algarve, após percorridos 739km. É cidade ideal para se instalar quando decidir visitar as terras do Barroso e ver a feira do fumeiro ou a sexta-feira 13 em Montalegre. Chaves pode ser uma ótima base para percorrer os soutos da Serra da Padrela no outono, ou para fazer a rota da água termal desta zona.

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Quando visitar a cidade de Chaves

Chaves pode ser visitada em qualquer altura do ano, no entanto poderão existir datas mais favoráveis ou vantajosas, tudo vai depender das preferências de visita e do gosto em viajar de cada um. De um modo geral o norte transmontano foi sempre típico em clima de extremos, com verões quentes e secos, e invernos frios e chuvosos, podendo ocorrer temperaturas negativas com frequência. Em ambas as situações convém tomar as devidas precauções, principalmente no que toca à condução nos meses de inverno.

Largo do município

Uma data que pode ser interessante é a Feira dos Santos, que este ano (2023) se realiza de 31 de Outubro a 3 de Novembro. “A cidade muda e agita-se, veste roupagens de festa, enchem-se as ruas de multidões, e o comércio e a diversão tomam conta da cidade“. Outra data pode ser quando calha o dia 13 a uma sexta-feira, data em que se realiza o ritual em Montalegre, desta maneira pode aproveitar melhor o fim de semana, como foi o nosso caso. Se for na mesma data em que se realize a festa do fumeiro e enchidos de alguma das localidades da região, ou da própria cidade, também é uma boa opção. Outra opção é nos meses de verão, aquando as festas da cidade, embora o calor por estas bandas seja um pouco dissuasor.

Sexta feira 13 – Montalegre

O que ver e fazer em Chaves – cidade Flaviense


Face às condições climatéricas, a nossa visita a Chaves cifrou-se por um único dia, mas a cidade tem o suficiente para se manter ocupado durante dois dias.

Visitar o Km 0 da Estrada Nacional Nº2

A estrada nacional Nº2 (EN 2) foi construída com o objetivo de ligar ambos os extremos de Portugal pelo centro do país. Grande parte da N2 resultou da renumeração de estradas nacionais já existentes, sendo que algumas ainda conservam a designação anterior a par com a nova numeração, os restantes troços foram construídos posteriormente. Atravessa 11 dos 18 distritos que constituem Portugal e acreditava-se que esta viria a ser a principal artéria do país, mas a N2 nunca teve tráfego que justificasse a importância que lhe foi atribuída no Plano Rodoviário Nacional de 1945 e acabou sendo um fracasso. Na atualidade tem havido alguma revitalização para fins turísticos e em 2016, foi criada a Associação de Municípios da Rota da Estrada Nacional 2. É aqui em Chaves que se encontra o marco com o KM 0 da EN2, no centro da rotunda próxima à ponte de Trajano. É o ponto de encontro, principalmente de motards, que aqui iniciam o percurso da grande rota que os levará até Faro.

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Caminhar pela ponte de Trajano

A ponte de Trajano é uma ponte romana de notável beleza, construída entre o final do século I e início do século II d.C. Tem cerca de 150 metros de comprimento e era constituída por 18 arcos, alguns dos quais na atualidade pouco visíveis ou soterrados pela construção do casario. Possui duas colunas com inscrições em Latim, embora se acredite que ambas sejam reproduções das colunas originais. Uma das quais comemorativa da data de construção da ponte, que fora mandada construir pelo imperador que lhe dá o nome. A outra é conhecida por Padrão dos Povos, dedicada aos imperadores Vespasiano e Tito. Esta ponte é um dos ex-libris da cidade e apesar da idade, encontra-se em perfeito estado de conservação.

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Passear no Jardim Publico de Chaves

O Jardim Público de Chaves, localizado junto à margem do rio Tâmega, resulta de uma oferta do banqueiro português Cândido Sotto Mayor, o mesmo que o mandou construir. Foi inaugurado em 1901 aquando a cerimónia oficial de doação das chaves do jardim à Câmara Municipal de Chaves. É um jardim agradável de visitar, com muita sombra proporcionada por frondosas árvores, mas também áreas floridas, um parque infantil e um coreto, tradicional nos jardins da época. Conta ainda com vista para o rio Tâmega e para a ponte de Trajano (ponte romana).

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Caminhar pela Alameda de Trajano

Chaves usufrui de um vasto conjunto de áreas verdes, havendo quem a designe como cidade jardim. Junto ao rio Tâmega encontra-se o jardim do Tabolado, com diversidade arbórea, lugares de descanso, zonas relvadas e decorações florais. Caminhar pela Alameda de Trajano à beira rio é algo que não pode deixar de fazer quando visitar esta cidade. É também aqui que desde 2015 se encontra uma escultura dedicada aos namorados, formada por dois corações construídos em material de serralharia (foto postada anteriormente), que os namorados usam para colocar um cadeado como forma de tornar a relação amorosa mais sólida. Esta escultura foi construída para “libertar” a ponte romana, permitindo aos casais Flavienses continuar essa tradição.

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Atravessar o Tâmega saltando de pedra em pedra

Preservadas durante séculos, as Poldras de Chaves continuam a ser um dos principais atrativos para quem visita a cidade. Em tempos idos, a necessidade constante de atravessar o rio Tâmega levou à colocação estratégica de pedras no seu leito, que permitiam a travessia sem molhar os pés, reduzindo a poucos metros a distância de caminhos mais longos. Se acha que é uma pessoa ágil e se encontra em forma, atravessar o rio saltando de pedra em pedra pode ser teste às suas capacidades, ou uma aventura…!

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Visitar o Forte de S. Francisco

Forte de S. Francisco é uma fortificação cuja origem teve início num Convento Franciscano erguido no início do século XVI, de onde veio a designação que lhe foi atribuída. Fazia parte da defesa da cidade de chaves e teve um papel importante na resistência contra as invasões francesas. Chegou a ser aquartelamento das tropas invasoras, sendo libertado em 1809 pelo General Silveira através de uma estratégia de assalto conseguida ao fim de alguns dias de combate, um ato de bravura que lhe valeu o título de Conde de Amarante, um título criado pela rainha D. Maria I em 1811.

O Forte de São Francisco, classificado como Monumento Nacional desde 1938, atualmente alberga no seu interior um hotel, dispondo de vários espaços para eventos e banquetes, restaurantes, auditório, galeria de arte, garrafeira, jardim, piscina exterior com vista para a cidade e estacionamento.

Beber da nascente de água mineral e termal de Chaves

Chaves é também conhecida por um fenómeno geotérmico muito particular, as nascentes da água termal e mineral que chegam à superfície a temperaturas elevadas. Chaves é atravessada por uma falha tectónica de nome Luarca, o que facilita a infiltração e circulação de água, emergindo à superfície a temperaturas que rondam os 70 graus, sendo as mais quentes da península ibérica e as águas bicarbonatadas-sódicas mais quentes da Europa. Beber água mineral de uma das nascentes de Chaves faz parte do roteiro de visita a esta cidade, só que ela sai quente, por isso traga um copo e algum tempo disponível para aguardar que arrefeça.

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Visitar o Castelo de Chaves

A torre de menagem, bem conservada, alberga no seu interior um museu militar onde se podem encontrar algumas peças de armaria usadas principalmente nas guerras do ultramar. O castelo foi mandado edificar por D. Afonso III e veio a ser palco de muitas batalhas, tendo sido de importância relevante na defesa da cidade contra ataques vindos de Espanha. Suba ao cimo da torre e obtenha vista panorâmica sobre a cidade. De seguida perca-se nas ruas do centro histórico, tem muito por aqui para cirandar.

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Visitar a Igreja da Misericórdia

A igreja da Misericórdia de Chaves é considerada por muitos como uma das mais belas. É uma igreja de nave única, com uma imponente fachada frontal em cantaria, dividida em três painéis principais separados por colunas salomónicas. Destaque para o interior, cujas laterais se encontram totalmente revestidas em azulejos do século XVIII e para a capela mor, que expõe um grandioso retábulo em talha dourada. Esta igreja é um verdadeiro monumento representativo da arte barroca em arquitetura, azulejaria, pintura, escultura e talha dourada.

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Visitar a Igreja Matriz de Chaves

Se há igrejas que justificam a visita, a Igreja Matriz de Chaves, ou se preferir Igreja de Santa Maria Mayor, é sem dúvida uma delas. Acredita-se ter sido construída no século XII sobre o resto de templos anteriores, tendo passado por várias intervenções e remodelações, que lhe conferiram o aspeto com que se apresenta. É uma igreja maneirista, de beleza ímpar, onde se celebra a Eucaristia dominical e outras que ocorrem durante a semana, bem como as festas religiosas ao longo do ano. É também um espaço cultural onde ocorrem eventos artísticos e musicais relacionados com a fé cristã. O interior, de estilo medieval, é composto por três naves separadas por pilares. Destaque para o órgão de tubos em posição lateral elevada, junto ao coro da igreja.

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Visitar as Termas Romanas de Chaves – Aquae Flaviae

Um dos maiores achados arqueológicos existente nesta cidade resulta das escavações iniciadas para construção de parque de estacionamento subterrâneo numa parte do Largo do Arrabalde, onde foram descobertas umas termas romanas em aparente bom estado de conservação, contando com cerca de dois mil anos de existência. Nas escavações foram igualmente descobertas várias munições de catapulta, em granito, e os esqueletos de três indivíduos que foram apanhados desprevenidos pela queda de uma abobada de 10m de altura, que terá colapsado devido à ocorrência de um sismo na hora em que se banhavam na piscina. Nestas termas ainda existe uma nascente em funcionamento cuja temperatura da água ronda os 68º.

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Sendo caravanistas, todas as nossas refeições foram confecionadas por nós no parque de campismo Quinta do Rebentão onde ficamos instalados, como tal, a informação neste artigo referente refeições não resulta de experiências vividas por nós.

Gastronomia e Restauração Flaviana

Uma das boas experiências que pode levar de chaves engloba a gastronomia, e aqui na cidade Flaviense tem alguns restaurantes que se destacam, principalmente pela originalidade. O restaurante Adega do Faustino é um dos locais onde pode saborear alguns pratos que dificilmente irá encontrar noutro local do país, tais como: Rins salteados, Iscas de fígado com Bacon, Rojões de redenho, ou umas afamadas coxas de rã. A decoração do espaço contribui para esta experiência que se diz ser inesquecível.

Outro dos locais de onde certamente levará uma experiência única e inesquecível, fica mesmo ao lado e da pelo nome de Pensão Flávia. Aqui o cliente é quem decide quanto quer pagar. A refeição começa pelas entradas e a restante comida vai chegando à mesa consoante a inspiração do cozinheiro, que acumula o cargo com a gerência do restaurante. Ir de espírito aberto a propostas, surpresas e petiscos, é condição indispensável para visitar este restaurante. A gerência garante que a maioria dos clientes sai satisfeita com o serviço, com a qualidade da comida e com o espaço, e acaba por decidir pagar um valor justo pela refeição.

Créditos de imagem – Pensão Flávia

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Admirar as Varandas de Chaves

Ao longo da visita a esta cidade, o que mais nos chamou a atenção enquanto caminhamos pelas ruas foram as varandas e as janelas de armação antiga, grande parte destas últimas em caixilharia de madeira e abertura vertical deslizante, que fazem parte do casario da zona histórica desta cidade, cobrindo fachadas quase completas, em habitações na maioria compostas por três pisos incluindo o rés-do-chão.

As varandas sobrepõem-se sobre a rua e em proximidade às congéneres do lado oposto, todas elas pintadas com cores alegres e vivas. Por aqui quase se pode dizer ser rara a casa que não tenha uma, por isso não se sinta inibido de olhar constantemente para cima enquanto admira este estilo da arquitetura tradicional antiga, em particular da zona histórica desta cidade.

Em homenagem ao estilo, aparência e popularidade destas varandas, foi atribuído o nome Mercado das Varandas de Chaves a um mercado tradicional que se realiza no primeiro e terceiro sábado de cada mês no Largo do Arrabalde, onde é possível comprar produtos exclusivamente de produtores da região, tais como fruta e produtos hortícolas da época, enchidos, azeite, pão, etc…

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Outros locais de visita na cidade de Chaves

Museu Flaviense, inserido num complexo monumental dos mais emblemáticos do centro histórico da cidade de Chaves – os Paços do Duque de Bragança. É no mesmo edifício que na atualidade se encontra o Posto de Turismo.

Praça de Camões, amplo espaço a partir do qual pode admirar alguns edifícios e monumentos imponentes, tais como a Igreja Matriz, a imponente e nobre fachada da Igreja da Misericórdia, a estátua de D. Afonso – Conde de Barcelos, o edifício dos Paços do Concelho e o Museu Flaviense.

Paços do Concelho – Chaves

Forte de S. Neutel, complementava na colina a norte, numa zona mais avançada, a defesa proporcionada pelo Castelo e pelo Forte de S. Francisco.

Museu Nadir Afonso, museu de arte contemporânea situado à beira do Tâmega, em Chaves, uma obra de arquitetura saída do estirador de Siza Vieira.

Rua Direita, uma das mais pitorescas da cidade, com casas de habitação, lojas de comércio (algumas centenárias) e o encanto das varandas de chaves referidas anteriormente. Esta rua era parte da antiga via romana XVII, que ligara Bracara Augusta (Braga) a Asturica Augusta (Astorga), passando por Aquae Flaviae (Chaves).

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Rua de Santo António, possivelmente a rua com mais movimentação e comércio no centro histórico da cidade de Chaves. Rua bem preservada que liga o Largo do Arrabalde ao Jardim do Bacalhau, com passagem pela praça General Silveira.

…espaços que justificam a visita.

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Uma vez que se encontra nas proximidades pode-lhe interessar este artigo sobre os soutos da Padrela.


Se precisa de Alojamento em Chaves veja no Booking algumas opções:

Com classificação de 9 pontos e bem pertinho do Tâmega tem o hotel Ibis Styles Chaves

Outra opção também muito boa, à beira do Tâmega e junto à ponte de Trajano é a Casa Guardião.

Se preferir uma opção mais em conta tem a Residencial Bem Estar que fica no centro da cidade.


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Bem Haja…

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