A Day Trip em Porto de Mós
Sendo para nós ponto de passagem para vários destinos, era quase impossível passarmos aqui sem olharmos o seu castelo lá no alto e em consequência dizer-mos: “ainda havemos de vir aqui um dia exclusivamente para conhecer esta vila”. A vontade prevaleceu e deu origem à nossa primeira “Day Trip” neste blogue. Decidimos vir totalmente à descoberta, sem nada preparado e sem nenhum trabalho de casa feito. Se podíamos ser mais abrangentes, acredito que sim, mas decidimos ser incisivos, seguindo apenas o mapa e as orientações que nos foram dadas no posto de turismo.
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Conteúdo deste artigo
- Entrada da Vila – Igreja de São Pedro
- Igreja de São João Batista
- Castelo de Porto de Mós
- Passadiços de acesso à Fonte do Castelo
- Praça da República – antiga praça de S. Pedro
- Capela de Santo António – Ermida
- Central das Artes – Divulgação, exposições e cultura
- Jardim e parque verde de Porto de Mós
- Ruínas do edifício da forca
- Jardim público – Jardim Municipal
- Cruzeiro de Porto de Mós
- Museu municipal de Porto de Mós
- Moinho de São Miguel
- Passos da Via Sacra
- Localização e quando visitar Porto de Mós
- Festas ao longo de ano em Porto de Mós
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Porto de Mós é uma vila portuguesa que pertence ao distrito de Leiria, integrada na região centro-litoral, na zona da estremadura, situada no sopé da serra de Aire e Candeeiros, sendo uma espécie de porta de entrada neste maciço calcário estremenho. É sede de um município composto por 10 freguesias, confrontado a norte pelos municípios de Leiria e da Batalha, a sul por Rio Maior e Santarém, a leste por Alcanena, e a oeste pelo município de Alcobaça.
Segundo a lenda, esta vila está intimamente ligada ao cavaleiro Don Fuas Roupinho, personalidade que terá sido alcaide de Porto de Mós, miraculado por N. Senhora da Nazaré em 1182. Diz-se também que juntamente com alguns dos seus homens, num ataque surpresa perpetrado durante a noite D. Fuas Roupinho terá vencido um grande exército muçulmano que cercava a o castelo. Para tal sucesso mantiveram-se escondidos na serra durante algum tempo.
O município de Porto de Mós foi pertença dos Coutos de Alcobaça, que influenciaram durante vários anos as formas de vida nesta região. Consciente de seus direitos e deveres, foi uma das raras localidades que se constituíram em município por iniciativa própria, independente da concessão de foral que lhe foi atribuído em 1305 pelo rei D. Dinis, confirmado em 1515 pelo rei D. Manuel. Em 1895 o município foi extinto e o seu território integrado no município de Alcobaça, situação que durou pouco tempo, volvidos 3 anos recuperou o estatuto de município, que se mantém até aos dias de hoje.
Pela abundância de pedra no seu solo, em termos de industria o município de Porto de Mós está intimamente ligado a atividade dela descendente, nomeadamente a calçada portuguesa, que tem levado o nome da vila, e de Portugal, aos mercados internacionais. O setor secundário é o mais significativo neste município dando emprego a metade da população ativa.
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Igreja de São Pedro em Porto de Mós
No acesso à vila pela nacional N243, ou avenida de São Pedro, logo à entrada um grafiti representativo de uma idosa com o seu gato, parece aguardar quem chega para dar as boas vindas. Alguns metros mais adiante, na rotunda a que deram o nome de Rossio encontra-se a Igreja dedicada a S. Pedro, de onde vem o nome da avenida e um dos primeiros pontos de visita, uma igreja de estilo barroco, em forma de cruz latina, que fez parte do Convento dos Agostinhos Descalços entre 1676 e 1834, data em que foram extintas as ordens religiosas.
No interior da igreja podemos ver o altar e retábulo, ambos do século XVIII, decorados a mármore de vários tons, e a capela mor revestida por um silhar de azulejos novecentistas que retratam a pesca milagrosa e a entrega das chaves a S. Pedro, o seu orago. O mármore usado na decoração do altar foi extraído localmente, em pedreiras da região. O interior é de nave única, composta por duas capelas colaterais e quatro laterais. Destaque para a imagem do santo padroeiro, feita em 1867 em Goa, na Índia.
Igreja de São João Batista
Situada num dos pontos mais altos do povoado, próxima ao castelo, a igreja de S. João Batista encontra-se edificada numa das zonas mais antigas da vila. A torre sineira, de configuração quadrangular, planta larga e pouca altitude, aparenta um aspeto robusto quase desproporcional em relação ao resto do edifício, sendo esta uma das caraterísticas que mais se destacam nesta igreja.
Tendo em conta alguns artefactos que datam da era seiscentista e o estilo românico do pórtico de entrada, outro dos destaques desta igreja, acredita-se que a sua construção tenha vindo substituir algum outro templo anterior que eventualmente já aqui existia, uma vez que a construção desta igreja é apontada como sendo da época setecentista.
Castelo de Porto de Mós
Antes desta edificação terá existido no lugar uma atalaia muçulmana de menores dimensões, que se acredita tenha passado para as mãos dos cristãos em 1147, na sequência da conquista que vinha do norte comandada por D. Afonso Henriques, primeiro rei de Portugal. Durante o reinado de D. Dinis recebeu obras de adaptação a residência senhorial e, em meados do século XV, D. Afonso, filho do primeiro duque de Bragança e IV Conde de Ourém, foi responsável por várias melhorias em Porto de Mós, entre as quais a transformação do castelo medieval num solar renascentista.
O castelo de Porto de Mós chega aos dias de hoje com pormenores de arquitetura que lhe conferem um aspeto apalaçado, como atualmente o conhecemos, sendo composto por planta pentagonal com torreões de reforço nos ângulos, com os dois torreões da fachada principal encimados por coruchéus cerâmicos vidrados, de cor verde, supostamente por relação com a cor de D. Afonso, IV Conde de Ourém.
Cumpriu a sua última missão militar na véspera da batalha de Aljubarrota, aquartelando parte das tropas do exército da altura. Posteriormente o abandono ditou alguma degradação e o terramoto de 1755 contribuiu para grande parte da sua destruição. Em 1910 foi classificado como monumento de interesse nacional e em 1936 começaram as campanhas de reconstrução e restauro, que se prolongaram até 1960, fazendo ressurgir o edifício como fortaleza. Na década de 90 do século passado foram-lhe colocadas acessibilidades que contribuíram para melhorar as condições de acolhimento. Hoje é um local de visita a não perder aquando uma visita a esta localidade.
Passadiço de acesso à Fonte do Castelo
Uma vez que já se encontra aqui por cima, pode aproveitar e conhecer também a fonte do castelo, descendo até ela pelo passadiço que encontra no acesso a este edifício medieval. Segundo a lenda, quem beber desta fonte nunca mais larga Porto de Mós. A Fonte do Castelo fica localizada numa área de valor patrimonial e paisagístico, para o qual contribui a presença de uma mancha de floresta autóctone de carvalho-cerquinho, que estabelece a transição para a área agrícola que se prolonga pela paisagem.
Praça da República (antiga praça de S. Pedro)
A Praça da República de Porto de Mós é atualmente uma montra da tradicional calçada à portuguesa. Fazem parte da decoração os 14 brasões das diversas freguesias que constituem o município, elaborados em pedra calcário pelas mãos dos calceteiros locais, ilustrando a capacidade decorativa deste tipo de arte que o município tem levado além fronteiras. Outrora denominada por Praça de São Pedro, na zona central mantém o desenho original datado do ano de 1890. Sem a centralidade de outros tempos, a Praça da República, merece uma visita atenta. É aqui nesta praça que se encontra inserido o monumento das Mós.
Capela de Santo António – Ermida
A capela de Santo António situa-se no cimo de um morro, a partir do qual é possível uma visão panorâmica da vila e da sua envolvente montanhosa, constituindo um interessante ponto de interpretação da paisagem. A sua construção terá passado por várias fases, com o início na parte da capela coberta por cúpula. Consta-se que a construção da mesma terá sido financiada pelas esmolas dos fiéis devotos a Santo António. Após algum desprezo pelo qual passou nos últimos anos, maioritariamente causado pela pouca atividade religiosa, o município entendeu dar nova imagem ao conjunto arquitetónico, construindo melhores acessos e dando um arranjo geral a toda a área envolvente. Desta forma os fiéis vão poder continuar a usufruir deste espaço religioso, belo e inspirador, agora com motivação extra. Santo António faleceu em Pádua – Itália, no ano de 1231.
Central das Artes – espaço de divulgação, exposições e cultura
A Central das Artes é um novo espaço cultural que o município decidiu instalar no edifício da antiga Central Termoelétrica de Porto de Mós, a mesma que levou eletricidade ao município pela primeira vez a partir dos anos 30 do século passado, mas também difundiu a cultura: -na central existia uma sala de cinema onde o eletricista-chefe exibia alguns filmes.
A central funcionava a carvão e foi criada para servir a Empresa Mineira do Lena. Quando cessou funções ficou sem atividade durante décadas, reabrindo ao público após profunda renovação. As obras de requalificação recuperaram o edifício que passou a ter como principal uso a divulgação de atividades culturais. Reabriu ao público a 25 de junho de 2022, no mesmo dia em que tiveram início as Festas de S. Pedro, tradicionais nesta vila.
À data da visita, uma exposição sobre a pedra e suas várias aplicações, intitulada “A Pedra e a Mão”, continuava a ser o destaque das exposições que o espaço apresentava, uma exposição que teve inicio no ano anterior e conta com obras de vários arquitetos e designers, cerca de duas dezenas no total. Tendo em conta a existência de várias unidades industriais na região especializadas na extração e transformação de pedra e, por consequência, um setor de grande empregabilidade, o tema e conteúdo desta exposição são de relevante importância para o município.
Ao iniciar a visita a este espaço, logo à entrada deparamos com o protótipo de um modelo automóvel único, construído na década de 50 do século passado, cuja produção em série esbarrou no “estado novo” também conhecido por regime Salazarista. O protótipo tem o nome IPA 300 (Industria Portuguesa de Automóveis), foi produzido nas instalações da Empresa Mineira do Lena e resulta da paixão e engenho de João Monteiro da Conceição, engenheiro e empresário desta terra.
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A exposição “A Pedra e a Mão” já percorreu vários países, conheceu muitos territórios e engalanou espaços públicos de inegável valor cultural. É, por isso, curioso que, chegada a Porto de Mós, pareça ter sido feita a medida desta terra.
Pois bem, se as entranhas destas terras são rebos em bruto, já as mãos de quem os trabalha levam gerações e gerações de tradição no seu manuseamento, de tal forma que deram jus ao nome da vila, sede de concelho.
Conhecidos como Capital da Pedra, por aqui existir em fartura, qualidade e diversidade, fomos exímios na sua exploração. Não contentes, tornámo-nos artistas fazendo da pedra calçada, da calçada estrada e da estrada verdadeiras montras de arte, em praças e passeios por esse mundo fora.
Mas engane-se quem pensa que a pedra atinge o seu exponencial artístico e utilitário nos centros das vilas e cidades… basta subir à serra e ver como a paisagem coaduna a mão do homem e da natureza. As oliveiras rebentam entre os muros de pedra seca que cercam os prados, as casinhas abrigam os pastores, numa autentica obra de arte coletiva.
Regozijo-me por saber que hoje, a pedra assume um papel decisivo no desenvolvimento económico do concelho, quer na indústria extrativa, quer na transformadora, mas sobretudo porque a vejo ser ponte entre o mundo da arquitetura e do design, através da exploração de novas formas de aplicabilidade e materialização.
por: Jorge Vala, presidente da Câmara Municipal de Porto de Mós
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Jardim e parque verde de Porto de Mós
Junto à margem esquerda do Lena o parque verde de Porto de Mós apresenta-se como local ideal para convívio entre amigos, passeios em família, exercício físico, atividades de laser…, ou simplesmente relaxar. Dispõe de vários atrativos espalhados pelo parque, entre os quais uma exposição escultórica ao ar livre. Conta também com parque infantil, cafetaria, snack-bar e uma explanada. Como pontos negativos, apenas a ausência de sombras.
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Ruínas do edifício da forca
Ainda que de reduzido interesse cultural, talvez por isso abandonado e atualmente em ruínas, não devemos apagar da história ou esquecer por completo a existência deste edifício e utilização a ele associada, lugar de execução da pena capital daqueles que ousavam desafiar as leis medievais, as que eram punidas com pena máxima. Com localização no cume de uma elevação, apresenta aspeto um tanto invulgar, era um edifício de planta triangular e uma abertura de entrada estreita.
Jardim público ou Jardim Municipal
O jardim municipal de Porto de Mós dispõe de área de lazer ideal para relaxar e estar em família, com espaço para atividade das crianças, parque infantil, zonas verdes, paisagem sobre o rio Lena, bancos de descanso, café e explanada, acesso à Internet e passagem pedonal para o Parque Verde. Nele encontram-se instalados o posto de turismo, o Espaço Jovem e o pelourinho de Porto de Mós, na zona mais próxima à igreja de São Pedro.
Cruzeiro de Porto de Mós
Construído em pedra calcária, é da autoria de David Vazão, escultor da terra. É composto pela Senhora dos Murtinhos, São Julião, Santo António, São José, São Bento, São Pedro, São João e São Sebastião. Estes são os oito santos que compõem este novo cruzeiro, que se encontra instalado no Largo do Rossio desde Outubro de 2010. É encimado pela Cruz de Avis.
Museu municipal de Porto de Mós
Aberto ao público desde 1989 e, segundo informações virtuais, o museu recolhe e expõe peças relacionadas com as atividades inerentes ao uso e ocupação do solo. Lá dentro destacam-se a cerâmica da Real Fábrica do Juncal, o núcleo epigráfico proveniente de vários pontos do concelho, a coleção de rochas minerais e fósseis, e o núcleo etnográfico.
(o museu municipal encontra-se encerrado ao Domingo, por esse motivo não nos é possível melhor descrição).
Moinho de São Miguel
Este é um dos poucos moinhos que, segundo se diz, ainda se mantém em atividade. Entre as duas mós que o moinho alberga no interior, ainda se procede à transformação do grão em farinha…, um recordar de outros tempos. Encontra-se situado no alto de uma colina para desta forma poder usufruir do vento como fonte de energia. Junto ao moinho encontra-se o restaurante Boteco do D’, Restaurante & Bistrô.
Passos da Via Sacra de Porto de Mós
A Via Sacra de Porto de Mós é um evento religioso que pode considera-se a maior manifestação de fé realizada na vila. Para além do elevado número de fiéis, conta com a participação de muitos jovens e voluntários na organização e transporte de insígnias. O evento leva os participantes a percorrer os passos de Jesus Cristo antes de ser crucificado, com paragem nos pontos da Via Sacra para oração.
Localização e quando visitar Porto de Mós
Porto de Mós fica localizada no sopé da Serra de Aire e Candeeiros, a 5 minutos do IC2 e a 10 da Batalha,… a pouco mais de uma hora e meia de Lisboa, no sentido norte, e a meia hora do mar, sendo a praia da Nazaré a mais conhecida e a mais próxima. Partindo da cidade capital, como principais vias de acesso tem a autoestrada e o IC2. A linha férrea para um pouco distante, em recurso pode usar a rede de expressos.
A visita a esta vila pode ser feira em qualquer altura do ano, com as prevenções adequadas face ao clima que fizer na altura. Ainda assim recomendamos os meses mais amenos, se possível evite o calor de verão. Se tiver intenção de visitar a vila em data que ocorra algum evento religioso, segue uma lista de alguns que se realizam ao longo do ano. Recomendamos as festas do S. Pedro…
Festas ao longo do ano em Porto de Mós
- Festa de Santo Estêvão na Fonte do Oleiro: durante o mês de maio
- Festa de Nossa Senhora do Bom Sucesso: 1º Domingo junho
- Festa de São Pedro: 29 de junho prolongando-se por essa semana
- Festa de Nossa Senhora dos Aflitos: 2º Domingo de julho
- Festa de Nossa Senhora Amparo: 4º Domingo de julho
- Festa de Nossa Senhora do Livramento: em meados de julho, princípio de agosto
- Festa de Nossa Senhora do Desterro da Ribeira Cima: durante o mês de agosto
- Festa de Nossa Senhora da Luz e de Santo Amaro na Fonte do Oleiro: durante o mês de agosto
- Festa de Nossa Senhora da Piedade da Igreja de S. João: finais de agosto
- Festa de S. Miguel da Capela de S. Miguel: 1ª semana de setembro
Se vier com algum tempo disponível, não deixe de visitar algumas das obras de arte urbana dispersas pelo município. Veja aqui as localizações.
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- Outra opção, um pouco mais distante do centro da vila, é a Casa de Campo Natureza, cotada com 9,8.
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Bem Haja…