Visitar a cidade da Guarda

Quando se fala da cidade da Guarda quase sempre ouvimos dizer ser a cidade mais alta de Portugal, o que não é de toda verdade, não devemos confundir altura com altitude…! Guarda fica situada no extremo nordeste da Serra da Estrela, a 1056 metros de altitude, sendo uma das cidades portuguesas mais frias e por isso quase sempre mencionada nas previsões de meteorologia transmitidas pela rádio. Guarda é uma cidade portuguesa, sede de concelho e capital do distrito, localizada na região centro de Portugal, na zona interior, mais precisamente na região da Beira Alta.

Porta dos Ferreiros(torre dos ferreiros) Guarda

Acredita-se que já venha do tempo da pré-história a existência de um povoado no lugar onde hoje se encontra a cidade, mas só em 1190 é que a população foi oficialmente reconhecida. O seu primeiro foral surge 9 anos depois, outorgado por D. Sancho I, filho de D. Afonso Henriques e segundo Rei de Portugal, homenageado com uma estátua junto à Sé-Catedral. Reza a história que Guarda terá sido um dos mais importantes redutos de um conjunto de fortificações defensivas da fronteira Portuguesa, de onde se acredita vir o nome da cidade, era a Guarda fronteiriça.

Estátua de D. Sancho I – Guarda

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Conteúdos deste artigo

O que ver e fazer quando visitar Guarda

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Além do frio no inverno, Guarda é também conhecida pela riqueza da sua gastronomia, ressalvando o genuíno queijo da Serra da Estrela, os enchidos…, e outros produtos de origem serrana. É conhecida como cidade dos 5 F’s por ser:

  • Forte – Pela sua posição geográfica altaneira que lhe dá um certo domínio.
  • Farta – Pela riqueza do Vale do Mondego e outros ao redor.
  • Fria – Pelo clima frio montanhoso devido à sua altitude
  • Fiel – Pela resistência na entrega das chaves durante a crise dinástica.
  • Formosa – Pela sua beleza natural.

De certa forma foi assim que a fomos encontrar, a sua posição altaneira e o granito à vista nas ruas históricas transmitem força e robustez, e Guarda tem muitas construções em granito exposto. Basta olharmos para a Sé-Catedral e observarmos o estilo construtivo que logo ficamos com essa ideia. Visitamos Guarda em dezembro, sendo natural o frio nessa data, mas por aqui notava-se um pouco mais, pelo menos para quem não habituado ao clima desta cidade.

Sé da Guarda, entrada principal

Quando visitar Guarda

Já íamos pela EstradaFora quando nos apercebemos ter esquecido a lista que tínhamos elaborado com os locais de maior interesse para visitar na cidade, uma situação com a qual depressa nos conformamos. Para colmatar a situação iríamos ter de recorrer ao posto de turismo local. Não sei se existe uma altura mais adequada que outra para visitar Guarda, se vier com intenção de visitar outros lugares na periferia, aí sim, pode condicionar a data escolhida. Se a intenção for visitar apenas a cidade, deve evitar faze-lo se o clima estiver propicio a queda de neve, ou se o frio for excessivo ao ponto de originar a manhãs de geada acentuada. Excluindo estas duas condicionantes, qualquer altura do ano é boa e no inverno esta cidade convive de mãos dadas com o frio.

Sé da Guarda vista do miradouro da Torre dos Ferreiros

Dicas para visitar Guarda

Se vier nos meses de inverno, tenha atenção ao clima que fizer na altura e venha prevenido para o frio. Recomendo o uso de creme para as mãos por forma a prevenir pele gretada, e pelos mesmos motivos use bâton para o cieiro. Nas proximidades da Guarda existem vários locais de interesse, são exemplo disso algumas das aldeias históricas de Portugal, Como Castelo Mendo, por exemplo, por isso antes de vir faça pesquisa, dessa forma consegue melhor noção do tempo disponível que necessita.


O que ver e fazer quando visitar Guarda


Igreja da Misericórdia

A caminho do posto de turismo, ainda encerrado para a pausa do almoço, começamos por visitar a igreja da misericórdia, que dizem os entendidos ser a obra mais importante do estilo barroco na cidade. O interior apresenta-se modesto, mas os altares e os púlpitos são ricamente trabalhados. Na imponente fachada principal o granito esculpido contrasta com o branco. Sobre o portal principal podemos ver a pedra de armas de D. João V, que foi quem encomendou a sua construção, e um pouco mais acima a imagem da padroeira.

Igreja da Misericórdia da Guarda

Torre dos Ferreiros

Ali pertinho, ao cimo de uma pequena ladeira encontramos a Torre dos Ferreiros, que fortificava uma das portas de entrada no perímetro muralhado, a Porta dos Ferreiros. Esta torre é também um miradouro ao qual recomendamos uma subida, que tanto pode fazer pela escada interior como pelo elevador localizado no exterior. A torre é de acesso livre e la do alto pode obter uma excelente panorâmica sobre a cidade, diria mais, vistas maravilhosas…

Torre dos Ferreiros

Judiaria da Guarda

Após uma curta passagem pelo posto de turismo para recolha de algumas informações, decidimos usar mais o nosso sentido de orientação em vez do panfleto que nos foi entregue, era demasiado confuso. Partimos à descoberta em direção às ruas da Judiaria, possivelmente uma das maiores e mais bem conservadas no país. A presença judaica nesta cidade está documentada desde o século XIII e era considerada uma das mais antigas e importantes da Beira-Interior. Numa das ruas da judiaria deparamo-nos com uma janela quinhentista de caraterísticas renascentistas, assim dizia a informação local…, uma janela com semelhanças ao estilo manuelino.

Janela renascentista – Guarda
Porta da Erva, uma das entradas na Judiaria

Depois de cirandarmos um pouco pelas ruas da judiaria acabamos por chegar ao Largo do Torreão, uma espécie de miradouro com excelentes vistas sobre o horizonte, e onde encontramos pequenos painéis azulejares com pinturas e inscrições infantis aos quais entendemos dar algum destaque. Deixamos imagem de um que gostamos em particular.

Apesar de muitos falarem das muralhas quase intactas da cidade, na atualidade elas encontram-se bem dissimuladas na malha urbana e a sua existência quase passa despercebida, ela é mais notória no perímetro da judiaria, junto à Porta D’el Rei e Porta da Erva.

Casas da judiaria da Guarda

Museu Municipal da Guarda

Palmilhando pelas ruas estreitas do centro histórico, apreciamos os palacetes e outras construções em granito enquanto seguimos em direção ao museu municipal. Este museu abriu ao público em junho de 1985, na altura com a designação de Museu da Guarda. Encontra-se instalado no antigo Seminário Episcopal construído em 1601 por D. Nuno de Noronha. Do conjunto edificado fazem parte o antigo Paço Episcopal, o Seminário, e em posição central a Igreja.

A entrada neste museu foi um tanto dececionante e por isso não a recomendamos, achamos o conteúdo exposto de interesse pouco relevante. O mesmo não se pode dizer sobre a exposição de fotografia na parte do museu que à data se encontrava com entrada gratuita, uma exposição onde jovens artistas conseguem expor na fotografia as suas preocupações e o que lhes vai na alma, destacando temas como a poluição, a pobreza, as formas de entretenimento dos mais pobres sem os meios eletrónicos muito populares hoje em dia, etc…

À data a entrada no museu estava com o custo de 2€ por adulto.

Praça Luís de Camões

Regressamos à Praça Luís de Camões, o centro histórico da Guarda, e enquanto caminhamos foi possível aperceber-nos do comércio tradicional ainda bem presente na zona histórica da cidade.

A Praça Luís de Camões, ou antiga Praça Velha, é o espaço público mais central e mais concorrido da cidade. É circundada por edifícios históricos, pertença de famílias abastadas, entre os quais as casas quinhentistas, com alpendres de influência castelhana; o edifício antigo dos passos do concelho, datado de 1570; o solar dos Póvoas, onde se encontra o posto de turismo, o Guarda Welcome Center; e no ponto mais alto a imponente Sé-Catedral. Este é o centro de maior relevância na cidade, quase se pode dizer que é aqui que tudo acontece. À data encontrava-se em preparação para a festa da passagem de ano.

Antigos Passos do Concelho
Casas quinhentistas e Praça Velha

Catedral – Sé da Guarda

Com o inicio da construção em 1390, dada a envergadura do projeto consta-se que a construção da Catedral se tenha arrastado durante aproximadamente 150 anos, razão pela qual os mais entendidos dizem encontrar nela mais do que um estilo construtivo. Os torreões octogonais que ladeiam a entrada principal dão-lhe aspeto de uma fortaleza. O interior, robusto tal como o exterior, é composto por três naves em estilo gótico, merecendo destaque o monumental retábulo do altar-mor, esculpido em pedra de Ançã e atribuído à escola João de Ruão, no qual se encontra representada a vida de Cristo através das numerosas figuras que o compõem.

A entrada na Sé fora das celebrações religiosas tem o custo de 1,5€ por adulto, um valor simbólico que inclui a subida aos terraços de Sé, para quem estiver disposto a subir os quase 100 degraus em caracol até lá acima.

Seguindo da Sé em direção à Torre de Menagem do castelo da Guarda, é um saltinho, embora um pouco a subir, mas não adianta ir lá uma vez que a Torre de Menagem não é visitável, exceto se for pelas vistas que obtém a partir deste promontório, o ponto mais alto da cidade. Daqui descemos em direção ao Campus Internacional de Escultura Contemporânea.

Campus Internacional de Escultura Contemporânea

Este é um espaço verde bem conseguido e muito bem conservado, de entre os que existem na cidade. É um lugar de contemplação e de inspiração, que convida a relaxar, a dedicar algum tempo à leitura ou outro entretenimento semelhante. Neste espaço fomos ao encontro de várias esculturas, de outros tantos escultores e artistas de renome, inclusive de autores internacionais.

A entrada para o Campus está situada na Avenida Alexandre Herculano, junto à bifurcação com a rua Soeiro Viegas. Fica nas traseiras da Biblioteca Municipal e paredes meias com as instalações do Centro de Estudos Ibéricos. Para acessar este espaço verde pode igualmente entrar pela Alameda Sto. André, onde irá encontrar uma das referências arquitetónicas da cidade, um chafariz monumental com o mesmo nome que, segundo diz quem sabe, é um dos mais belos do país e seguramente o mais belo da região das Beiras. Este é um chafariz que chama a atenção pela sua beleza, grandiosidade e imponência. É o maior que vimos até à data.

Chafariz de Santo André

Parque municipal da cidade

Um outro parque a não perder é o Parque Municipal da Cidade, fica situado numa das entradas da cidade, em proximidade ao estádio municipal e ao parque de campismo. É um parque igualmente bem preservado onde toda a envolvência da natureza faz dele o local ideal para um passeio ou convivência familiar em paz e harmonia.

Parque urbano do Rio Diz

Se você é uma pessoa que gosta de caminhar, quando visitar a cidade da Guarda não deixe de ir até ao Parque Urbano do Rio Diz, mas vá a pé. Este Parque é um centro de convívio, recreio, lazer, e o local ideal onde os habitantes da cidade podem praticar desporto, além de outras estruturas de que dispõe. Para acessa-lo mais facilmente, faça uso da ponte pedonal localizada sobre a via de cintura externa da cidade.

Outras imagens da cidade

Entendemos que a cidade da Guarda tem muitos edifícios históricos desprovidos de informação que o visitante possa consultar, e conhecer, ainda que estes possam ser propriedade privada. Achamos ser uma cidade com muito mais para dar a conhecer do que aquilo que é transmitido pelos panfletos. Seguem algumas imagens da cidade às quais entendemos dar destaque.

Paço Episcopal
Brasão (casas brasonadas da Guarda)
Arte Urbana
Portão lateral no museu municipal
Solar de Alarcão, atualmente convertido em alojamento local.

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Castanheiro gigante e Anta de Pera do Moço

Este castanheiro gigante, conhecido por castanheiro de Guilhafonso, localiza-se próximo da população de Guilhafonso na freguesia de Pera do Moço, dez quilómetros a norte da cidade da Guarda. É um dos maiores castanheiros existentes em Portugal e apresenta-se relativamente bem conservado, tanto o estado do tronco como o estado vegetativo da copa. A idade estimada supera os 400 anos e está classificado como árvore de interesse público desde 1971. Este é sem dúvida um castanheiro majestoso!…

A plantação desta espécie de árvore ocorreu principalmente devido ao interesse do seu fruto, a castanha, que até ao século XVII foi um dos principais farináceos na base da alimentação em Portugal.

Partindo da Guarda e seguindo em direção ao castanheiro gigante pela nacional N221, irá encontrar a Anta de Pera do Moço, um dólmen simples de 5 esteios e cobertura em forma oval. Está classificado como imóvel de interesse público desde 1953, mas só em 2001 recebeu intervenções arqueológicas de conservação. Fica pertinho do Castanheiro gigante podendo ser vista da estrada.

Localização e como chegar

Guarda encontra-se localizada na zona centro de Portugal, na Beira Alta, no nordeste da Serra da Estrela. Em nossa opinião, a melhor forma de chegar à cidade da Guarda é de carro. Partindo de Lisboa recomendo as autoestradas A1 e posteriormente a A23. Se vier do Porto, a A1 até Aveiro e de seguida a A25. Outra opção é usar o comboio – linha da Beira-Baixa, ou o serviço de expressos. A estação dos caminhos de ferro fica a 3 km e o terminal rodoviário a 700 metros do centro histórico.

Onde ficar alojado na Guarda

Nos dias que passamos nesta cidade ficamos instalados no Nº7 Sacadura Cabral, um espaço a preço acessível, com boas comodidades e muito aconchegado, e a 5 minutos a pé da Praça Luís de Camões, o centro de tudo o que pretendíamos visitar.

  • Uma opção que nos parece interessante, principalmente para quem de desloca até à Guarda de comboio, é o Hostel S. Miguel FitNcare, fica pertinho da estação. Desta forma não precisa grande esforço com a bagagem e o serviço do alojamento é bem completo, em algumas opções dispõe de serviço de cozinha, que lhe permite confecionar as suas próprias refeições.
  • Se tem preferência pela natureza e ambiente mais sossegado, a Quinta do Pina será uma boa opção, bem classificado no Booking, mas fica um pouco mais desviado do centro da cidade, 5,5km.

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Aqui bem perto existem os Passadiços do Mondego, embora não sejam para nós aliciantes ao ponto de os irmos percorrer. Se gosta de passadiços veja um pequeno paraíso que certamente vai gostar, são os Passadiços do Pereiro, poderá inclui-los no seu itinerário se alguma vez andar por esta zona.


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