Passadiços do Rio Corgo
Vila Real do Norte, é cidade e capital de Distrito, situada na confluência dos rios Corgo e Cabril, sensivelmente a meio de uma linha imaginária que atravessa o norte de Portugal. A principal malha urbana da cidade é dividida pelo rio Corgo com o seu pequeno vale, de encostas escarpadas, onde nas suas margens foram recentemente construídos uns passadiços, que não só permitiram recuperar um percurso pedonal antigo ali existente, como juntamente com os passadiços, oferecem agora ao visitante a possibilidade de contacto mais próximo com natureza, numa zona anteriormente quase inacessível.
Em conjunto com os passadiços, o percurso pedonal agora requalificado, permite aos caminhantes observar a biodiversidade, fauna e flora ao longo de aproximadamente 1000 metros de extensão. No futuro próximo, este percurso irá permitir visitar a Central Hidroelétrica do Biel, que à data atual se encontrava em obras de requalificação, para ser transformada num espaço museológico. Por se encontrar situada numa zona escarpada e de difícil acesso, sem a requalificação deste percurso, o acesso a este espaço seria quase impossível.
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Conteúdos deste artigo
- Percurso do Rio Corgo
- Central Hidroelétrica do Biel – Açude
- Inicio do Percurso (Bairro dos Ferreiros)
- Poluição do Rio!…
- Deambular pelas ruas da cidade
- Bairro dos Ferreiros
- Ficha Técnica
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Percurso do rio Corgo
O rio Corgo, é um afluente do rio Douro, que nasce em Vila Pouca de Aguiar e desagua junto à cidade da Régua. Ao entrar em território do município de Santa Marta de Penaguião, começa a ver as suas margens e encostas decoradas pelas vinhas que marcam a paisagem da região demarcada do Douro. Este rio, durante vários anos teve a companhia da linha do Corgo no percurso entre a cidade da Régua e Vila Real, uma linha de bitola estreita, hoje completamente desativada, que terminava na cidade de Chaves.
Inicio do percurso pedonal
Tendo como ponto de partida a extremidade que fica a montante do rio, no Bairro dos Ferreiros, o percurso começa na Rua da Guia, entrando no Beco da Represa, um dos tais caminhos antigos que dava acesso, a pé, à Central do Biel. Se estacionar por aqui, tem nas proximidades alguns lugares de interesse para calcorrear, como por exemplo esta zona ribeirinha habitacional onde inicia o percurso.
O casario marcado pelas típicas construções antigas, algumas fachadas em granito exposto, gradeamentos forjados, cores vivas, madeira, pedra lousa, etc.… são apenas alguns dos pontos que pode apreciar. Tem ainda toda a zona ribeirinha a montante, até à zona dos açudes da praia fluvial e parque de merendas de Codessais, com amplas áreas relvadas e seu arvoredo, onde pode repousar e ouvir o cantar das diversas espécies de aves que por aqui se encontram.
Na fase inicial do percurso irá passar por baixo da ponte metálica, que faz a travessia rodoviária entre o centro da cidade e a chamada zona além rio. Um resguardo com estacas de madeira e uma corda de nylon a fazer a ligação entre elas, oferece alguma segurança aparente. Deste ponto é possível obter melhor perspetiva sobre a zona habitacional ribeirinha.
Sou realista, como tal, sobre este percurso há dois pontos negativos que devo referir, porque sei que é possível fazer melhor. Um deles, entendo ser de fácil resolução e prende-se com a placa indicativa, ou “mapa”, que se encontra em cada uma das entradas do percurso. É uma placa cujas indicações me parecem confusas e pouco esclarecedoras, que pouca ajuda oferecem ao visitante. O segundo ponto negativo é assunto sério, que implica responsabilidade de todos nós e infelizmente não se resolve de um dia para o outro. Falarei dele mais adiante.
Mais à frente o caminho começa a descer e ao mesmo tempo a ziguezaguear, até chegar ao observatório de aves. Pode aproveitar e fazer aqui uma ligeira pausa, não propriamente por cansaço, mas para observar a natureza que rodeia e ouvir o cantar da água que corre entre as rochas. O verde das touceiras de junça na borda d’água dá um toque personalizado a esta tela.
Esta zona será o ponto mais baixo deste percurso. Olhando daqui para cima, la no alto, a torre do Hotel Mira Corgo apresenta-se neste cenário como guardiã deste escarpado vale.
Central Hidroelétrica do Biel – Açude
É na periferia da cidade de Vila Real que podemos encontrar um açude centenário aqui construído, hoje inoperacional, que servia para alimentar a Central Hidroelétrica do Biel, uma das primeiras hidroelétricas do país a ser construída, cujo nome se deve em parte a Karl Emílio Biel, um representante da firma Schuckert, (que mais tarde foi adquirida pela siemens), fabricante de componentes elétricos para este tipo de industria.
Aqui o passadiço permite a travessia do rio, precisamente sobre o açude centenário, que represava a água e a encaminhava por uma levada até a central hidroelétrica, tendo esta cessado atividade em 1926 por falta de caudal do rio, um problema constante ao longo do seu funcionamento.
A represa aqui construída, na atualidade acaba por ser a origem de uma cascata, que hoje é um dos ex-libris deste percurso. De cima da ponte é visível o lugar onde se situava a central hidroelétrica, (edifício em obras à data da edição deste post), e a linha férrea vertical, com início no miradouro da estação, por onde terão descido os materiais e componentes elétricos que faziam parte da central.
Poluição do rio…
Daqui para a frente a água vai ficando mais distante, e o percurso até agora fácil, começa a ser um pouco mais cansativo. É por isso altura de referir o segundo ponto negativo que encontrei aquando a data em que percorri estes passadiços: a poluição da água que corria no rio. A cor da água era uma mistura de cinzento e verde, cinzento esverdeado se preferir, com cheiro que aparentava algum ardume, …azedo. Nos recantos, margens e zonas onde a água estagnava, ou corria mais lentamente,… era visível à superfície uma goma de cor clara.
Este é um problema que nos afeta a todos e sobre o qual todos nós temos um papel importante a desempenhar. Criticar, quando nós próprios não somos exemplo, não serve de ajuda. Desconheço as razões desta poluição e se foi um caso pontual, entendo que é dever das autoridades virem ao terreno, analisar as situações, identificar as causas e proporem soluções, e chamarem os prevaricadores à razão, … ou à justiça se for o caso! Um lugar como este merece ser banhado por águas mais limpas.
O resto do percurso não é passadiço na sua totalidade, tal como no início. Algumas vezes segue por caminho térreo, mas nem por isso perde o encanto, o chilrear da passarada acompanham-no na caminhada, que daqui em diante será sempre a subir. Em alguns sítios a vegetação parece querer ganhar terreno e, a certa altura, olhando para trás, é possível ter melhor noção da profundidade e forma do vale percorrido.
É raro ver um vale com encostas tão escarpadas encaixado no centro de uma cidade. Graças à recuperação de caminhos naturais antigos do parque do Corgo e à construção do passadiço, percorrer esta zona agora é possível. Apenas 1/3 deste percurso é constituído por passadiço, o resto era caminho antigo já existente, desta forma minimizou-se o impacte ambiental. Findo o passadiço, a caminhada agora continua pelo Caminho dos Moinhos, que é também acesso a algumas habitações dispersas por aqui, e a subida termina com a chegada ao Museu da Vila Velha.
Regresso ao ponto de Partida
Deambular pelas ruas da cidade
Como já é hábito meu deambular pelas ruas das localidades que visito e admirar a arquitetura das suas fachadas, Vila Real não foi exceção, no entanto o tempo foi curto e neste caso foi possível apenas durante o regresso até ao ponto de partida.
Uma das primeiras foi a fachada do edifício dos Paços do Concelho, que me pareceu ser uma obra notável de arquitetura. Um pouco mais à frente a casa onde viveu a família de Camilo Castelo Branco, conhecida pela Casa dos Brocas, uma alcunha que vem do seu avô.
Algumas outras fachadas pelo meio e, na arte moderna, a fachada de um Grafite à qual entendi dar destaque, embora pese esta arte ser uma das minhas paixões.
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Bairro dos Ferreiros
O deambular continuou, agora pelo Bairro dos Ferreiros a caminho do ponto de partida.
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Ficha Técnica
- Tipo de Percurso – Circular
- Extensão – Aproximadamente 3,5 km
- Duração estimada – 1,5 horas
- Grau de dificuldade – Médio
- Desnível do percurso – 120 metros
- Observações: Não adequado para pessoas com mobilidade reduzida ou complicações de mobilidade semelhantes.
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Bem Haja…