Alentejo Central – Passadiços da Serra da Ossa

Sendo o Alentejo conhecido pelas suas planícies, falar de uns passadiços situados numa serra Alentejana revela-se algo incomum, ou surpreendente…

A Serra da Ossa é uma elevação com 653 metros de altitude que se encontra entre Estremoz e o Redondo, e em 1182 nela se ergueu um convento de eremitas dedicado a São Paulo. É o pulmão de vários concelhos alentejanos: Borba, Estremoz, Vila Viçosa, Redondo e Alandroal, e há cerca de mil anos que nela existem grutas artificiais do tempo dos monges eremitas. Nesta serra pode observar-se uma das maiores populações dos país de uma planta insectívora chamada orvalho-do-sol.

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Conteúdos de Artigo

  1. Passadiços da Serra da Ossa
  2. Ficha Técnica

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Passadiços da Serra da Ossa

Os passadiços da Serra da Ossa, inaugurados em Abril de 2021 pela Câmara Municipal do Redondo, encontram-se situados na localidade de Aldeia da Serra, numa zona onde a água teve um papel fundamental na subsistência dos monges eremitas, que dela souberam tirar proveito através de canais, represas e levadas, para dela usufruírem na irrigação de hortas, bem como para mover moinhos e azenhas que se sabe terem existido aqui desde o Século XIV.

A Água é Vida!

A água é o elemento central deste percurso que corre ao longo da Ribeira do Monte Virgem e, essas hortas que dela tiravam proveito, eram protegidas dos animais selvagens por muros que as circundavam, que não só faziam essa proteção, como também protegiam a horta das enchentes da ribeira nos invernos mais vigorosos. Em geral, a montante de cada horta existia um açude, que servia para represar e elevar a água em relação ao plano da ribeira, para que desta forma pudesse entrar nas levadas e nos caneiros que a distribuíam por ação da gravidade para onde era necessária.

Os passadiços aqui construídos, permitem-nos fazer uma viagem no tempo e conhecer os recursos usados pelos “Eremitas da Pobre Vida”, em tão agrestes escarpas, que remetidos ou refugiados neste áspero recanto terão sido os grandes obreiros e modeladores desta paisagem, e aqueles que a terão transformado num terreno produtivo graças ao uso inteligente dos recursos que aqui encontraram.

Se pretender percorrer este percurso, não vá a fazer conta de encontrar a sua extensão total exclusivamente em passadiço. Os Passadiços da Serra da Ossa foram construídos apenas em pontos fulcrais, por forma a tornar viável a passagem nas zonas onde o trilho era mais exigente, principalmente nas escarpas rochosas que antecedem a Ermida, uma iniciativa que é de louvar uma vez que a natureza foi respeitada, ou invadida de forma mais suavizada.

No cimo destas escarpas encontra-se Ermida de Nossa Senhora do Monte Virgem, linda exteriormente tal como a imagem documenta. Por dentro não foi possível ver, à data da visita ao lugar encontrava-se fechada. Terá sido erguida no século XV, embora se desconheça exatamente a data. A envolvente é ainda hoje rica em recursos aquíferos, sendo disso exemplo a fonte ao lado Ermida datada de 1688, onde se pode refrescar.

A partir desta Ermida a vista que se obtém é enorme e prolonga-se pela planície alentejana. Por aqui a vegetação é composta por urze, esteva, medronheiro, azinheiro, sobreiro, pinheiro manso, pinheiro bravo, entre outros… Nas galerias ripícolas encontra-se principalmente o salgueiro e o freixo.

Ao longo do percurso irá encontrar várias zonas onde em tempos longínquos existiram hortas e mais tarde pomares de nespereiras e laranjeiras, cultivados nos socalcos deste remoto vale pelos Monges Eremitas. Existem sinais de algum outro tipo de atividade, possivelmente da pastorícia…(?), no entanto no local não existe nada que o corrobore.

Todo este cenário encontra-se envolto pela vegetação autóctone, que confere ao percurso muita sombra na parte inicial e nos dá uma sensação de paz e muita tranquilidade. É a fusão perfeita entre o trabalho do homem e a natureza.

A parte inicial do percurso pode considerar-se plana, ela segue por entre carreiros, porteiras e caminhos usados pelas gentes locais. Não é propriamente um percurso criado especificamente para os passadiços, como tal, solicita-se que não vandalize e respeite o espaço por onde caminha, e cumpra as indicações que ao longo do percurso possa encontrar.

Quer faça o percurso tipo ida e volta, ou o percorra de forma circular, considere o grau de dificuldade baixo a médio, mas não é percurso adequado para pessoas com mobilidade reduzida. Apesar de existir muita informação de que percurso é do tipo linear, ida e volta, pode ser percorrido de forma circular, seguindo pelos passadiços e subindo até à Ermida de Nossa Senhora do Monte Virgem, para depois descer pela estrada que lhe dá acesso, ou vice-versa.

Mapa do percurso.

Segundo informação disponibilizada, os Passadiços da Serra da Ossa estão inseridos no trilho PR4 RDD – Eremitas da Serra da Ossa, um percurso pedestre circular com 20 km de extensão, que se cruza com os Passadiços junto à Igreja do Monte da Virgem, no entanto não me é possível falar deste trilho, não o percorri.

Ficha Técnica:

  • Extensão: 4 km
  • Duração estimada: 1,5 horas
  • Tipo de Percurso: Circular ou ida e volta, no meu caso foi circular. (ida e volta – 3 km)
  • Grau de dificuldade: Baixo a Médio
  • Desnível entre limite superior e inferior: 100 metros
  • Comentário: Não é recomendado fazer nos dias mais quentes de verão.
  • Indispensável: Levar uma garrafa de água (0,5 ltrs)

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