Visitar Ourém e vila medieval

Ourém é uma cidade portuguesa, localizada na antiga província da beira litoral, região centro e sub-região do médio Tejo. É sede de um município composto por 13 freguesias, com a sua delimitação geográfica a confrontar com oito municípios na totalidade: são eles Pombal, Alvaiázere, Ferreira do Zêzere, Tomar, Torres Novas, Alcanena, Batalha e Leiria. Ourém é uma localidade antiga e com passado histórico relevante que só por si justifica a visita. Atualmente é uma cidade próspera e moderna, que se tem mantido em constante desenvolvimento, acabando por passar despercebida devido à existência da cidade de Fátima ali pertinho, chamando a si grande parte do turismo que visita o município.

Castelo de Ourém

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Conteúdos deste artigo

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Quando visitar Ourém

A visita a Ourém pode ser feita em qualquer altura do ano, havendo datas e climas mais preferenciais. Tendo por base o gosto de cada um, existem algumas precauções a ter em conta. No verão mantenha-se hidratado, o calor que faz por aqui chega a temperaturas elevadas. No inverno, se tiver intenção de subir à vila medieval evite dias ventosos ou demasiado frios, se vier com climas assim traga agasalho. Evite dias de geada, podem condicionar a subida á vila. São boas datas as Festas do Município, a Via-Sacra ao Vivo na semana santa, a Feira Nova de Santa Iria e a Ourém Medieval.

Onde fica Ourém e como chegar

Ourém fica localizada entre os municípios já descritos, a duas horas e meia do Porto e a duas horas de Lisboa, por autoestrada. A praia conhecida mais próxima é Nazaré e fica a uma hora de carro. O comboio não é opção para chegar, Ourém não dispõe de linha ferroviária. Ainda assim, se for esta a sua opção a estação mais próxima fica em Tomar, posteriormente terá de fazer uso dos transportes rodoviários. Se não tiver carro recomendamos a rede de expressos.

Acontecimentos históricos relevantes.

O núcleo histórico de Ourém, hoje denominado por “Ourém Velha“, ou “Vila Medieval de Ourém“, desenvolveu-se em torno do Castelo que terá sido mandado construir no século XII pelo rei D. Afonso Henriques(?). Face à sua localização privilegiada, tinha como objetivo principal ser um ponto estratégico de defesa contra possíveis invasores. Com visão sobre todo o vale até à Serra de Aire, não é difícil perceber a iniciativa dos muçulmanos ao edificar a primeira fortificação no monte onde hoje se situa o Castelo. A localidade ali formada teve o seu primeiro foral em 1180 atribuído pela infanta D. Teresa de Portugal, a quem Ourém tinha sido doada pelo seu pai, D. Afonso Henriques, o 1º rei de Portugal.

Fonte desta imagem: website da Câmara Municipal de Ourém

Ourém manteve sempre ligações próximas à Casa Real, foi elevada a condado em 1370 pelo rei D. Fernando e teve como primeiro Conde D. João Afonso Telo de Meneses, almirante do reino e tio da então rainha consorte, Dona Leonor de Teles. O título passaria depois para João Fernandes Andeiro, também conhecido por “Conde Andeiro”, amante da rainha, que viria a ser assassinado durante a crise sucessória de 1383-85. Com a sua morte o título transitou para D. Nuno Álvares Pereira, figura histórica que hoje possui uma estátua junto do Castelo. Foi durante o condado de D. Afonso de Bragança, 4.º Conde de Ourém, que a povoação viveu um período de grande prosperidade e desenvolvimento, o mesmo acontecendo com o castelo que na atualidade é uma das principais atrações turísticas da cidade.

Terreiro de Santiago – Ourém

Mais tarde Ourém veio a passar por periodos conturbados, foi grandemente atingida pelo terramoto de 1755 e incendiada em 1810 pelas invasões francesas, acabando por ficar reduzida a quase nada e perdendo-se desta forma uma quantidade vasta de registos documentais. Com a população mais concentrada no vale, a sede do concelho passou da zona histórica do castelo para o vale onde se encontra na atualidade, na altura denominado por Vila Nova, de onde resulta o nome Vila Nova de Ourém, toponímia pela qual foi conhecida até junho de 1991, data em que Vila Nova de Ourém foi elevada a cidade, passando a chamar-se apenas de Ourém.

Jardim de Le Plessis Trévise – Ourém

O nome mais conhecido na história medieval desta vila é o de D. Afonso de Portugal, que veio a ser o 4º Conde de Ourém. Foi este fidalgo que implementou grande desenvolvimento à vila, imprimindo-lhe fulgor. Este ilustre do século XV foi o responsável pela construção e consolidação dos principais monumentos do burgo, onde se incluem a fonte gótica, a colegiada, a recuperação do castelo e a incorporação do condado na Casa de Bragança. Encontra-se sepultado na cripta localizada no piso inferior na zona do altar-mor daquela que hoje é a Igreja Matriz. Sob as suas ordens e orientações, Ourém tornou-se uma das vilas mais importantes do centro do país.

Colegiada de Ourém

Segundo a história, foi por altura do terramoto de 1755, que afetou bastante a atual vila medieval, que a população se refugiou na baixa junto à zona ribeirinha, criando a Aldeia da Cruz. O novo aldeamento rapidamente cresceu e deu origem em à freguesia de Nossa Senhora da Piedade. Em 1841, por alvará de D. Maria II o povoado passaria a designar-se Vila Nova de Ourém, tornando-se a sede do concelho onde ainda se mantém na atualidade.

Antigos passos do Concelho, hoje “amo”, Assembleia Municipal de Ourém e Auditório Cultural

Lenda de Ourém

Segundo a lenda, que data do tempo em que os mouros passaram por estas terras, o nome de Ourém resulta de Oureana, nome cristão dado a uma moura que se chamava Fátima, cuja paixão por um cavaleiro e poeta, conhecido por Traga-Mouros a “obrigou” a converter-se ao cristianismo, condição imposta pelo rei D. Afonso Henriques para que Fátima pudesse casar com o seu amado.

Ourém terá sido habitada pela alta nobreza, que fez de toda a área do castelo um importante centro medieval, chegando aos dias de hoje com caraterísticas próprias e particulares que lhe são conhecidas.

O que visitar na cidade de Ourém

Ourém cidade

Na zona baixa de Ourém, ou se preferir no atual núcleo da cidade, (em outros tempos Vila Nova de Ourém) existem alguns espaços de visita. Merecem destaque o Jardim Le Plessis Trévise, o percurso pedestre pela zona ribeirinha, o museu municipal de Ourém, a igreja matriz de Nossa Senhora da Piedade, e outros… Apesar de domingo a Igreja Matriz encontrava-se fechada, e o museu Municipal também. Estranhamos a igreja encontrar-se fechada e sobre o museu, neste tipo de espaços o dia de fecharem para descanso é à segunda-feira, mas sabemos que muitos municípios regem-se pelo horário semanal..(…) no entanto o cerne dos pontos mais relevantes numa visita a Ourém encontra-se na Ourém Velha, e foi para lá que nos dirigimos de seguida.

Igreja matriz de Nossa Senhora da Piedade – Ourém
Museu Municipal

Estacionar na Vila Medieval de Ourém

Ao visitar Ourém, se for em direção ao castelo recomendamos que ao chegar à Igreja da Colegiada, circule ao lado dela mas não tente estacionar por ali, será difícil conseguir lugar. Passe à frente da igreja e de seguida vire à direita, ao encontrar uma bifurcação vire à esquerda e de seguida novamente à direita. Na zona indicada irá encontrar estacionamento garantido. Tenha em conta que as ruas são estreitas, como tal a circulação faz-se apenas num sentido. Para sair tem como opção a Porta de Santarém, ou dar a volta completa à Vila Medieval e sair pela Porta da Vila, localizada nas traseiras da igreja da Colegiada, ou Igreja Matriz da Vila Medieval.

Zona histórica de Ourém – percurso que recomendamos seguir. (faça zoom para ver melhor)

Porta da Vila e Colegiada de Ourém.

Visitar Ourém é contemplar o passado e admirar o presente, mantendo perspetivas em alta para o futuro.

Junto à porta da vila, no largo logo em frente podemos ver uma fonte gótica composta por um pequeno tanque onde outrora bebiam os cavalos, e onde sobre a bica se conservam as armas da Dinastia de Aviz e do Conde D. Afonso. A água para consumo doméstico era captada no chafariz localizado ligeiramente acima, na zona interior dos arcos -“cúpula”. Ao lado desta fonte depara-se com a Colegiada de Ourém, e a entrada para a Cripta.

A Colegiada de Santa Maria da Misericórdia de Ourém foi fundada em 1445 por D. Afonso, 4º Conde de Ourém, usando para essa finalidade a igreja que hoje é evocada a Nossa Senhora das Misericórdias, que fora mandada construir por Don Afonso Henriques após expulsão dos mouros desta localidade. O Conde de Ourém remodelou este templo, aumentando-o e instituiu nele a Real e insigne Colegiada de Nossa Senhora das Misericórdias. O arcebispo de Lisboa, no mesmo ano deu autorização para essa transformação e concedeu os primeiros estatutos. Os trabalhos tiveram inicio em 1453, mas em 1755 foi gravemente danificada pelo terramoto, vindo a ser reconstruída em estilo barroco.

Atualmente é a igreja matriz da Vila Medieval, constituída por uma só nave e oito capelas, com o seu interior de grande valor artístico. A Cripta, onde se encontra o túmulo de D. Afonso, 4º Conde de Ourém, encontra-se localizada por baixo do altar-mor e resistiu ao terramoto, mantendo-se intacta. A construção geral da igreja é de estilo judaico.

Pelourinho e antigos Paços do Concelho

A partir da igreja caminhe em direção ao castelo, de preferência em sentido horário, seguindo em direção ao Pelourinho, um excelente exemplar do barroco Filipino ornamentado com motivos vegetalistas. Neste largo observe ainda uma base de lagar templário e um edifício que se destaca por ter albergado os Paços de concelho até 1841, hoje galeria medieval de Ourém e posto de turismo. Na continuação irá passar pela antiga cadeia e por imponentes exemplares de construção, nomeadamente janelas com o aro e frontões ricamente decorados, e mais adiante uma das capelas da via sacra de Ourém, até que por fim chega ao Paço dos Condes e aos Torreões.

Castelo de Ourém e Paço dos Condes

A construção do castelo de Ourém terá passado por várias fases, não sendo de excluir no local a existência de ruínas de uma fortificação pré-romana de estilo visigótico, aproveitadas pelos mouros e posteriormente restauradas pelos cristãos. Acredita-se que essa fortificação possa datar dos primeiros tempos da monarquia portuguesa, uma vez que a primeira referência a um castelo de planta triangular no alto do monte remonta a 1178. Diz-se ter sido mandado construir pela Infanta Dona Teresa, filha de Don Afonso Henriques, embora não se saiba ao certo devido aos incêndios levados a cabo pelas invasões francesas, que destruíram muita documentação referente às suas origens. No século XV, pelas orientações de D. Afonso, 4º conde de Ourém, a fortificação passa por grande desenvolvimento, sendo-lhe conferida arquitetura mudejar islâmica ainda visível nos dias de hoje, tanto nos torreões como no Paço dos Condes.

Castelo de Ourém
Paço dos Condes

Porta de Santarém e percurso de regresso

A partir das imediações do Castelo admire a vistas magníficas em toda a periferia, e a estátua de D. Nuno Álvares Pereira, III Conde de Ourém. No regresso pode seguir em direção à Porta de Santarém, ou descer pelas escadas localizadas no extremo norte da circular ao Terreiro de Santiago.

Junto à Porta de Santarém encontra-se uma capela com a fachada ricamente decorada em azulejo evocada a Nossa senhora da Conceição, padroeira de Portugal. A capela é ladeada pela porta de Santarém, e do lado oposto, no outro lado da rua uma das capelas da via-sacra. Seguindo em direção à igreja matriz, ao longo da rua irá encontrar várias atrações, como por exemplo o jardim de Sta. Teresa e a janela manuelina ali “escondida”.

Janela manuelina
Jardim de Sta. Teresa – Vila Medieval de Ourém

No fim do percurso é hora de relaxar um pouco e saborear uma Ginjinha no comércio local, para nós um “ritual” que se tornou obrigatório sempre que visitamos a “Ourém Velha”, e se ela é boa… Numa das casas pode ver como é uma taberna típica e como era uma mercearia antiga, e numa das salas, algumas fotografias de ilustres personalidades que visitaram este local.

Taberna típica…
Mercearia antiga – Vile Medieval de Ourém
Ginjinha de Ourém

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Castelo de Ourém à noite. Fonte desta imagem: website Roda dos Templários

Outros locais de visita nas proximidades

Nas proximidades de Ourém pode visitar a Basílica de Fátima e o convento de Cristo em Tomar, ambos os locais sempre muito concorridos.

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