O que visitar em Gouveia

Gouveia é uma cidade portuguesa da província da beira-alta, Distrito da Guarda, situada no sopé da Serra da Estrela a 700m de altitude. Apesar de habitada pelo homem desde tempos remotos, na atualidade tem permanecido fora dos roteiros turísticos mais badalados. Foi palco de lutas entre cristãos e muçulmanos, que na sequência das batalhas travadas entre si, deixaram-lhe um rasto de destruição, razão pela qual D. Sancho I tenta restaura-la ortogando-lhe foral em 1186 cheio de privilégios. Com fortes ligações à pastorícia e em consequência aos lanifícios, em 1917 era a segunda cidade portuguesa com mais operários nesta indústria, superada apenas por Covilhã.

A pastorícia e a transumância constituíam a principal economia da região e, em consequência, permitiu o desenvolvimento da indústria dos lanifícios que acabou por ter um papel relevante no desenvolvimento da cidade, nomeadamente no desenvolvimento da indústria têxtil. Os números falam por si. Em 1870 Gouveia sozinha tinha 20 teares mecânicos a operar, quando nessa data o total de teares mecânicos que existiam em Portugal eram 57.

Fonte do Assento – Gouveia

Em 1967 foi encontrada uma inscrição hebraica que permitiu concluir a possível existência de uma sinagoga na cidade, a última construída na Península Ibérica poucos dias antes do édito manuelino que ordenou a expulsão dos judeus. Elevada a cidade em 1988, nos dias atuais Gouveia apresenta um vasto património edificado ao qual se deve juntar o património natural e a pureza do ar serrano. A paisagem imensa com vistas soberbas são outra das mais valias, não apenas para a serra, mas também para os vales localizados a oeste, uma paisagem arrebatadora que se estende pelo horizonte e impressiona quem a visita.

Numa saída de fim-de-semana pelo interior de Portugal, fomos encontrar Gouveia com apresentação digna de receber quem a visita, uma cidade harmoniosa onde se sente paz e ausência do stress vivido no litoral, onde se respira o ar puro da montanha e se degusta o queijo serrano, e uma gastronomia de fazer crescer água na boca. São exemplo a sopa de castanhas, o ensopado de míscaros, as feijocas à pastor, a feijoada de javali, o arroz de carqueja, o cabrito, e o requeijão com doce de abóbora.

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Conteúdos deste artigo

O que visitar perto de Gouveia

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Igreja de S. Pedro – Igreja Matriz

A caminho do posto de turismo passamos pela Igreja de S. Pedro, que é também a igreja matriz e à qual fizemos uma visita, como é nosso hábito nestas andanças. Nesta igreja de estilo barroco, sobressai à vista a fachada principal e torres sineiras, que em meados do século passado foram totalmente revestidas a azulejo, um contraste singular com a cantaria em granito que constitui a fachada principal. No interior destaca-se a beleza da talha dourada, principalmente no púlpito.

Janela Manuelina e Casa da Torre

Alguns metros mais adiante chegamos à Casa da Torre, um edifício de habitação quinhentista que pertenceu aos marqueses de Gouveia. É aqui que na atualidade se encontra o posto de turismo(*) e onde pode comprar algum souvenir para levar como recordação de Gouveia. No exterior deste edifício destacam-se a totalidade das fachadas em granito exposto. Junto à entrada encontra-se o Pelourinho, mas é na fachada posterior que que se encontra algo mais relevante, uma janela manuelina ricamente ornamentada.

(*) poucos dias após a nossa visita retornou para junto do Jardim da Ribeira e muro dos brasões.

Muro com os brasões das freguesias do concelho

Uma das principais entradas em Gouveia é através da estrada N232, que faz a ligação à N17. Fazendo uso dessa estrada, irá entrar na cidade pelo Jardim da Ribeira e logo de seguida passar pelo Muro dos Brasões, com os brasões das 23 freguesias que constituem o concelho. Logo de seguida encontra o mercado e por ali perto zona onde estacionar, aproveite e estacione, e se vem com intenções de almoçar na cidade, aqui bem perto tem boas opções. Nós entramos em Gouveia descendo a serra, vínhamos de Folgosinho.

Museu da Miniatura Automóvel

Após o almoço, aproveitamos a reposição de energia para subir um pouco as ruas da cidade a fim de visitarmos os claustros dos Passos do Concelho e o Museu da Miniatura Automóvel, localizado junto ao edifício dos passos do concelho. Desde novembro de 2007 que este espaço atrai aficionados pelo colecionismo do ramo automóvel em miniatura, onde várias vitrines expõem a evolução do automóvel nas várias formas e utilidades que teve ao longo dos anos, um espaço a não perder, sendo na atualidade é um dos mais visitados nesta cidade.

Espaço Arte e Memória

Ao lado do museu anteriormente descrito encontra-se o Espaço Arte e Memória, não deixe de o visitar – solicite informações a respeito no museu da miniatura automóvel. O espaço arte e memória situa-se no antigo refeitório do Convento dos Jesuítas e pretende divulgar, e preservar a história e a cultura de Gouveia. Destacamos a pequena fototeca onde fotografias reportam a cidade nos anos 30 e 40 do século passado, e o silhar de azulejos setecentistas nas paredes da sala que ilustram a vida de São Francisco de Assis.

Passos do Concelho (Câmara) – antigo Colégio dos Jesuítas

O edifício dos Passos do Concelho, também conhecido pelo antigo Colégio dos Jesuítas, é um imóvel do século XVIII onde os jesuítas ensinavam latim e moral. Teve curta existência como colégio, uma vez que em 1759 os jesuítas foram expulsos de Gouveia por ordem do Marquês de Pombal. Quando se deram as invasões francesas, acolheu as freiras franciscanas e em 1809 foi transformado em aquartelamento militar, servindo como hospital militar durante a guerra peninsular. Atualmente acolhe os serviços municipais e outras repartições públicas.

Claustros do antigo Colégio dos Jesuítas

Jardim do Paixotão – Gouveia

Lado a lado com ambos os museus anteriormente descritos encontra-se o Jardim do Pátio do Museu e o Jardim do Paixotão, suba este jardim até ao miradouro, mas faça-o pausadamente e de forma apaixonada para respirar a natureza e ler todas as inscrições que encontra ao longo da subida, terá a recompensa com vistas de encher o coração quando chegar ao miradouro.

Jardim do Paixotão

Na descida, atravesse a rua e passeie por entre as serventias estreitas do Jardim do Parque Infantil, situado à frente de ambos os museus, enquanto se dirige para o adro da Capela do Sr. Do Calvário.

Museu Municipal de Arte Moderna (solar dos Condes de Vinhó)

Como não somos entendidos em arte, é para nós difícil falar deste museu com entusiasmo. Nas várias salas deste espaço pode ver uma coleção de pintura de vários artistas, principalmente de Abel Manta, um artista da terra. De destacar a imponência do edifício, do século XVIII, mandado construir pelos primeiros senhores da Casa de Toural.

Créditos desta imagem – Município de Gouveia

Casa da Vivência Judaica

Seguimos em direção ao Bairro do Castelo, onde outrora existiu o castelo que se diz ter ficado totalmente destruído pelas invasões francesas, e estivemos no exterior da casa da vivência judaica, mas por se encontrar fechada ao fim de semana não nos foi possível visitar este espaço. Do castelo que outrora existiu quase não restam vestígios, a pedra que o erguia terá sido reutilizada noutras edificações.

Casa da Vivência Judaica

Casa Museu D’Avó – Gouveia

Ao pesquisar por informação sobre a Casa Museu D’Ávó em Gouveia, achamos estranho não aparecer nada divulgado pelo município bem como a informação a respeito ser tão escassa. Sabemos que o espaço ainda é jovem, mas não justifica estar a ser tão ignorado pelas entidades que o deviam promover.

Neste espaço, onde fomos calorosamente recebidos, o visitante irá encontrar diversos artefactos e utilidades que faziam parte do quotidiano de algumas décadas atrás. Existe também uma sala de convívio onde os membros da associação se distraem e recebem quem os visita em ambiente familiar. Aquando a nossa visita, um dos membros da organização falou-nos do quanto tem sido difícil conseguir tudo aquilo devido à ausência de apoios.

Não temos a menor dúvida em afirmar que um espaço assim devia ser oficialmente divulgado, ele mantém viva a cultura e as formas de vida de antigamente…

Igreja da Misericórdia de Gouveia

Junto à Igreja de São Pedro, do lado oposto da rua encontra-se a Igreja da Misericórdia, concluída em 1721 e adossada ao que foi o primeiro hospital de Gouveia. É uma igreja pequena, de nave única, na qual se destaca o lindo altar mor em talha dourada. A fachada principal é revestida a azulejo monocromático, tal como a Igreja de São Pedro, com o brasão real na zona mais elevada.

Património edificado de Gouveia

Ao visitar Gouveia, no património edificado não deixe de admirar os chafariz e as fontes. A Fonte de São Lázaro, transferida para o lugar atual em 1779 (junto à praça de S. Pedro), e a Fonte do Assento, de arquitetura rococó, que se prolonga pelas laterais formando dois bancos em pedra, onde se destacam os painéis de azulejos. Veja também a Fonte do Tino, ao fundo da praça.

O Solar dos Serpa Pimentel, atual biblioteca municipal Virgílio Ferreira. A Casa do Castelo e ao cimo da R. da Cadeia Velha o Bairro do Castelo, e o seu traçado urbano. Suba a escadaria do Monte do Calvário e atente na Capela do Sr. do Calvário, e o miradouro no adro da capela. Este é um lugar sagrado e de importância relevante para as gentes da cidade, o Senhor do Calvário é o padroeiro da terra. Passe pela Praça Alípio de Melo, e no regresso espreite o Jardim da Ribeira, localizado nas escarpas da Ribeira Ajax, que atravessa a cidade.

Praça Alípio de Melo

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O que visitar perto de Gouveia

Vila de Folgosinho

Para um fim de semana curto, a lista com os locais de interesse visitar não pode ser muito extensa, apesar disso, acrescentamos sempre algo para o caso de existir algum tempo extra, mas por aqui existe muito para ver…

Folgosinho foi vila e sede de concelho entre 1187 e 1836 e, sobre a origem do nome, uma lenda aponta para uma ordem de D. Afonso Henriques, na qual terá dito: “Descansamos aqui e vamos todos tomar um Folgosinho de ar!” O encanto do lugar, a serenidade e o ar puro da montanha, terá motivado o nome que lhe foi atribuído (?).

Sobre o Castelo, existe informação de ser do tempo medieval e ser construído em “puro quartzo branco-rosado”, o que não é verdade. O local onde se encontra é um promontório rochoso, quase na totalidade em quartzo branco rosado, mas a estrutura do castelo é em cantaria de granito e a construção data de 1938-1939 a mando da junta de freguesia. Acredita-se que no local terá existido um castelo construído sobre as ruínas de um castro lusitano, mas não existe nada que o corrobore.

Ao visitar Folgosinho, duas frases no frontão de um fontanário situado no largo onde deixamos o carro chamaram a nossa atenção, a nós e certamente a todos quantos visitam a localidade. E ao caminharmos pelas ruas, fomos constantemente brindados com outras frases, ou poesias, em painéis de azulejos nas fachadas de algumas habitações, uma iniciativa que dá algum charme e encanto poético ao lugar.

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Praia Fluvial de Loriga

Há quem lhe chame a “Suíça Portuguesa” pelo cenário e pela aparência das cascatas das suas represas em dias chuvosos. A verdade é que esta é uma das praias fluviais mais bonitas de Portugal, com água cristalina embora que um pouco fria, não devemos esquecer que ela escorre pelas vertentes da serra. Fica à beira da estrada nacional N231 e apesar de já referida neste blog, é sempre um local a ter em conta visitar aquando um fim de semana por estas bandas.

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Museu do Pão em Seia

O museu do pão, já muito divulgado pelas redes sociais, é um museu privado que pretende preservar e divulgar toda a atividade ligada ao fabrico do pão nas suas várias vertentes, desde os tempos mais remotos até à atualidade. Este museu, hoje uma referência e exclusividade na museologia portuguesa, é um dos espaços mais completo em museus desta natureza. Aqui se reflete a atividade de quem semeou, ceifou, debulhou, moeu, amassou e cozeu o tão delicioso pão, indispensável na cozinha Portuguesa.

O espaço dispõe ainda de outras áreas que o visitante pode desfrutar, com objetivo de lhe proporcionar uma experiência mais agradável. São exemplo o Bar-Biblioteca, algumas vezes espaço de exposições; a Mercearia antiga e acima de tudo o Restaurante, todos integrados na temática do museu.

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Aldeia de Melo – Gouveia

Numa visita a Gouveia, se vier com tempo não deixe de dar uma fugidinha a Melo, a terra natal de Virgílio Ferreira. Esta localidade teve outrora importante destaque político e social na região. Foi vila e sede de concelho, constituída apenas pela própria freguesia; e durante a Guerra Peninsular foi sede episcopal e residência do bispo da Guarda – Don José Mendonça Arrais, que está sepultado aqui.

Entre o património edificado destaca-se o Paço de Melo, atualmente em ruínas; a capela de Nossa Senhora da Conceição; o Pelourinho; o antigo edifício da Câmara, e a Casa de Virgílio Ferreira – Para Sempre, um espaço museológico recente sobre a vida e a obra do autor.

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No regresso de Gouveia, seguimos em direção à Ponte das Três Entradas e posteriormente passamos pela vila de Avô, Vila Cova de Alva e mais adiante Coja. Ao longo deste percurso, o Rio Alva manteve-se quase sempre lado a lado connosco. Por esse motivo, se tiver a possibilidade de seguir este itinerário não deixe de o fazer, verá o quando a viagem se torna agradável.

Fonte/chafariz na vila de Avô

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Estrada nacional N231 – Valezim

Localização e como chegar

Gouveia fica situada no sopé da Serra da Estrela, do lado oeste. A melhor forma de chegar a Gouveia é inicialmente pela autoestrada A25, posteriormente a nacional N17 e por fim a nacional N232. Se não tiver carro a melhor opção é o autocarro, uma vez que Gouveia não dispõe de estação do caminho de ferro. Veja no mapa onde fica localizada.


Ver mapa maior

Outros locais de visita nas proximidades

Onde Ficar Alojado

Quando visitamos Gouveia ficamos instalados no alojamento local na Casinha do Beco.

Se necessitar de alojamento em Gouveia recomendo o Hotel Eurosol, localizado no centro da cidade e com tudo por ali pertinho.

Outra opção que nos pareceu muito boa é o Madre de Água Hotel Rural e Charme.

Uma opção mais em conta e com boa classificação é a Casa Pelourinho, alojamento local.


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