Explorando as Berlengas: Dicas, História e Encantos da Ilha
O arquipélago das Berlengas, ou apenas Berlengas, como é mais conhecido, é um pequeno arquipélago situado na plataforma continental portuguesa, a 5,7 milhas do Cabo Carvoeiro no sentido oeste. A ilha de maiores dimensões neste arquipélago mede cerca de 90 metros de altura e a sua dimensão face às restantes é de diferença tal, que as restantes acabam por parecer-se com pequenos afloramentos na superfície do mar. Fazem parte deste arquipélago a Berlenga Grande, as Estelas, e os Farilhões ou Forcados, mas é a Berlenga Grande que se destaca pela sua dimensão.
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Conteúdos deste artigo
- Dicas para visitar as Berlengas
- Algumas considerações sobre as Berlengas
- Acontecimento histórico relevante
- Visita às grutas das berlengas
- Forte de São João Batista
- Trilho das Berlengas
- Um pouco do que visitamos em Peniche
- Localização e como chegar
- Apontamentos e alojamento em Peniche
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Dicas para visitar as Berlengas
Para visitar as Berlengas existem alguns pontos relevantes que deve ter em conta bem como algumas precauções a tomar. Sobre as datas, recomendamos o intervalo entre março e setembro, quando o mar apresenta melhores condições de navegabilidade. É indispensável um contacto prévio com a operadora com a qual decide embarcar. Vai necessitar também do Berlenga-pass e antes de embarcar, ainda em terra deve colocar protetor solar, exceto se não tem problemas de maior com a exposição continuada ao sol.
É recomendável que leve consigo apenas o indispensável: Os bilhetes, o Berlenga-pass, uma garrafa de água, óculos de sol, e um saco para trazer o seu lixo. Para a viagem, se costuma enjoar recomendo os lugares mais próximos da popa (próximo da zona dos motores) e de preferência ao nível da linha de água, é a zona da embarcação onde o balancear é menos notório. Uma vez tomadas as devidas providências e precauções, há que desfrutar da viagem e procurar que o dia seja agradável e divertido.
Algumas considerações sobre as Berlengas
Apesar de algumas entidades fazerem referência às Berlengas como habitat e nidificação de várias espécies de aves marinhas ameaçadas, ou também como “património biológico com elevado interesse de conservação”, a verdade é que ao visitar estas ilhas o que vai encontrar são essencialmente gaivotas e algumas espécies arbustivas que proliferam em pequenos retalhos de terra dispersos entre as rochas. Ao descrevermos a fauna e a flora das Berlengas desta forma a nossa intenção não é desmotivar o viajante, simplesmente não pretendemos criar grandes expectativas ao ponto de acabar defraudado delas.
Acontecimento histórico relevante
Em junho de 1666 o forte viveu o episódio bélico mais célebre da sua história. No contexto da tentativa de rapto da princesa francesa Maria Francisca Isabel de Saboia, noiva de Afonso VI, uma esquadra espanhola composta por 15 embarcações tentou a conquista do forte à data defendido por um efetivo na ordem de duas dezenas de soldados, comandados pelo cabo António Avelar Pessoa(*). Numa operação combinada de bombardeio naval e desembarque terrestre, em apenas dois dias os defensores conseguiram fazer cerca de quinhentas baixas na armada espanhola, contra apenas uma baixa e quatro feridos nas forças militares que defendiam o forte. Além das baixas militares, a armada espanhola viu afundada a nau Covadonga e gravemente atingidas outras duas, posteriormente afundadas no regresso a Cádiz. Sem munições e mantimentos, e traído por um desertor que expôs a situação em que se encontrava a guarnição portuguesa, o forte acabou por se render, perdendo as nove peças de artilharia de que dispunha.
(*) “Cabo Avelar Pessoa” é hoje uma das embarcações mais antiga a fazer o transporte de turistas entre Peniche e as Berlengas
Alguns encantos das Berlengas
Segundo informações virtuais, nestas ilhas nidificam algumas espécies de aves raras, entre elas o Airo, o Roque-de-Castro e o Corvo Marinho. O Corvo Marinho é atualmente uma ave fácil de encontrar, nomeadamente em albufeiras ou rios de dimensão mais generosa, consoante a variedade da espécie. Tem sido avistado em alguns rios de águas mais paradas, de asas abertas em cima de rochas a secar as asas, uma vez que as penas do corvo marinho não são impermeáveis. Nas imagens que se seguem podemos ver duas variedades distintas, sendo ambas da mesma espécie – Corvo Marinho.
Créditos das imagens anteriores: Zeynel Cabeci e Parraro.org
O Airo é outras das espécies raras e esta sim, acreditamos ser mesmo rara, durante a nossa visita não avistamos nenhum exemplar. Convém ter em conta que ao longo percurso existem várias recomendações para não sairmos do trilho, podendo essa limitação ser impeditiva do avistamento de outras espécies além das gaivotas. Apesar de ser a imagem do logotipo da Reserva Natural das Berlengas, esta espécie ultimamente tem sido avistada algumas vezes apenas durante o inverno.
O Roque-de-Castro será outras das espécies ainda mais rara, e essa, nem mesmo quem trabalha nesta atividade tem a sorte de a encontrar com facilidade. Estou a referir-me aos biólogos que trabalham nesta área. O último registo conhecido da reprodução desta ave nas Berlengas foi no ano de 2019.
“Poucas pessoas têm a sorte de ver um roque-de-castro”, indica a SPEA em comunicado, uma vez que esta pequena ave “passa a maior parte da vida no mar”. “Quando vem a terra para se reproduzir, continua a ser esquiva. Faz o ninho em cavidades em escarpas inacessíveis, ou em fendas nas rochas em ilhas desertas, para se manter a salvo dos predadores.”
Fonte: Wilder.pt
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Muitos dos visitantes que decidem embarcar nesta aventura trazem como principal objetivo desfrutar de umas horas de praia e de banhos de sol na praia aqui existente, conhecida por Praia do carreiro do Mosteiro, fazendo referência ao mosteiro que outrora terá existido aqui na Berlenga. É uma praia de caraterísticas únicas com as suas águas calmas e cristalinas, de cor esmeralda, capaz de nos fazer sentir como se estivéssemos em algum dos paraísos tropicais. Esta é uma das verdadeiras atrações das Berlengas, a outra são os passeios de barco que percorrem todo o rendilhado da costa da Berlenga Grande até à baía localizada junto à “Pedra do Elefante”.
Estes passeios são realizados em embarcações de dimensão reduzida, com fundo em vidro para permitir a observação subaquática, e levam-nos a visitar algumas das grutas mais bonitas dispersas por estas arribas rochosas. É uma viagem de apenas meia hora que recomendamos uma vez que se apresenta como a “cereja em cima do bolo”. No regresso pode optar por desembarcar no forte de S. João Batista, visitar o forte e regressar posteriormente pelo trilho das Berlengas, um percurso não recomendável a quem estiver a passar por problemas de locomoção.
Grutas das Berlengas…
Chegada a nossa vez, embarcamos na aventura de conhecer cada contorno e cada recanto da parte que mais se destaca na visita a esta ilha. Cada embarcação leva um piloto e um guia turístico, ambos empenhados em mostrar o que de melhor se pode ver por aqui. As explicações são maioritariamente em Português, Inglês e Castelhano…, e as imagens falam por si.
Forte de S. João Batista
Decidimos desembarcar junto ao Forte de S. João Batista, que de seguida visitamos, para posteriormente iniciarmos o trilho das Berlengas. Esta fortaleza é hoje um Monumento Nacional, que na atualidade se encontra a funcionar como casa-abrigo, espaço gerido pela Associação dos Amigos das Berlengas. Uma noite aqui é uma oportunidade única de repouso, embalada pela melodia das ondas que o circundam.
Trilho das Berlengas
Quando se fala em Trilho das Berlengas, facilmente somos levados a pensar que as Berlengas são um arquipélago com várias ilhas, e na verdade são várias, mas apenas uma é visitável. A partir do Forte, a subida para o trilho requer algum esforço adicional. Durante a subida e à medida que a altitude vai aumentando, a cada degrau que subimos o forte vai “diminuindo”. Visto aqui de cima parece guarnecido pelas embarcações ancoradas ao largo aguardando o regresso dos visitantes. Em oposição, o mar agora parece imenso…
Tal como dito anteriormente, os residentes que encontramos na ilha foram essencialmente gaivotas. Também avistamos alguns corvos marinhos (ou galhetas), embora estes mais evasivos. Acreditamos no entanto ser possível encontrar por aqui outras espécies, consoante a estação do ano.
Um pouco do que visitamos em Peniche
Apesar do nevoeiro e das limitações de tempo que levamos, durante a manhã em Peniche ainda foi possível a visita a um ou dois espaços de interesse relevante, entre eles a Igreja de São Pedro e o Museu da Renda de Bilros.
Igreja de São Pedro
Construída no final do séc. XVI, a Igreja de S. Pedro constitui-se como o maior templo do concelho. O seu interior encontra-se dividido em três grandes naves, com destaque para a capela-mor de estilo barroco na nave central, decorada a talha dourada e pinturas sobre tela representando cenas da vida do santo padroeiro. É uma Igreja muito bonita, diria até uma das mais bonitas que visitamos em Portugal desde que nos iniciamos na blogosfera.
Renda de bilros de Peniche
A renda de bilros surge de um entretém ao qual as mulheres de Peniche se dedicavam, para além de auxiliarem os seus companheiros na salga, transformação e armazenamento do pescado. O local escolhido onde rendavam era habitualmente à porta de casa e, a venda das peças, complementava o rendimento obtido na árdua labuta piscatória. Atualmente a renda de bilros de Peniche pode ser aprendida ou aperfeiçoada na Escola Municipal de Rendas de Bilros, que de segunda a sexta-feira acolhe cidadãos de todas as faixas de idade.
No mesmo espaço museológico, a arte de quem é artista. Uma pintura/desenho num simples papel, recorrendo apenas e em exclusivo a uma caneta de cor preta e de traço fino. Na imagem o autor parece ter visualizado “a selva pelo buraco de uma fechadura”.
Localização e como chegar
A ilha das Berlengas fica localizada ao largo de Peniche, a 10 km do Cabo Carvoeiro. A viagem de barco entre Peniche e as Berlengas demora aproximadamente meia hora e a cidade de Peniche encontra-se localizada a uma hora e meia de Lisboa no sentido norte. Partindo de Lisboa, para chegar a Peniche tem como opções a autoestrada A8 e posteriormente o IP6. Se pretender as nacionais recomendo a N247, uma das estradas icónicas deste nosso pequeno Portugal.
Alojamento em Peniche e outros Apontamentos
Se necessitar de alojamento em Peniche recomendamos os seguintes:
- Casa de Peniche, localizada no histórico Bairro dos Pescadores, um espaço que combina o rústico com o tradicional e alguma modernidade. Fica a 5 minutos a pé dos operadores turísticos para as berlengas.
- Com vista para o mar, a Casa do Gato que queria ser Pescador disponibiliza acomodações com pátio, a cerca de 3 minutos a pé de Praia do Porto da Areia Sul e a 5 minutos da marina de Peniche.
- A Doce Lar Peniche localiza-se na periferia do bairro dos pescadores, a 3 minutos a pé de Praia do Porto da Areia Sul, e a 10 minutos da marina de Peniche. Conta com vista privilegiada para o mar.
- De aparência mais modesta e igualmente em zona sossegada, tal como as anteriores, a Amoreiras oferece aos seus hóspedes o conforto necessário para se instalar quando visitar Peniche.
Todas as recomendações anteriores encontram-se com classificação acima de 9 pontos na escala do Booking. Se não conseguiu vaga e necessitar de alojamento use o nosso link do Booking, não tem custos para si e dessa forma contribui para a manutenção deste blog.
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Veja aqui uma lista de operadoras que efetuam transporte de passageiros para as Berlengas.
Página do ICNF onde pode adquirir o Berlenga-pass.
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Bem haja…