Trilho das salinas do corredor da cobra – Figueira da Foz

As salinas do Corredor da Cobra, na Figueira da Foz, são hoje um importante património natural e cultural, que o município adquiriu e ativou em 2007 com o objetivo de difundir a atividade salineira. Encontram-se situadas na margem esquerda do Rio Pranto, o último afluente do Rio Mondego, e são conhecidas pela produção de sal marinho segundo métodos tradicionais. Pela avifauna que as povoa, nomeadamente aves limícolas e marinhas, foi criado um percurso pedestre circular que permite conhecer melhor a atividade salineira e toda a biodiversidade que por aqui existe, com início e fim no Núcleo Museológico do Sal e registado como PR6 FIG.

A par com o reinício de atividade destas salinas, chamadas de Corredor da Cobra, foi inaugurado o Núcleo Museológico do Sal, construído junto das salinas, que visa interpretar, valorizar e difundir testemunhos singulares da arte salineira, que reportam à relação secular do Homem com este território do município da Figueira da Foz. O texto e fotografias que se seguem, são um resumo do que pode ver e conhecer por lá. Venha daí conhecer a safra à moda antiga, e a zona que outrora “era só montes brancos, um jardim de sal”, como dizem os populares mais antigos.

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Conteúdos deste artigo

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Terá sido em 2022, que visitei o Núcleo Museológico do Sal e as Salinas do Corredor da Cobra pela primeira vez, à data estávamos em fase de desconfinamento, o que permitiu a alguns destes espaços estar de portas abertas. Levava como único objetivo “explorar” a estrada nacional N111 e lugares de interesse visitar que lhe ficassem próximos. Foi através do Núcleo Museológico do Sal que fiquei a conhecer o trilho das salinas e em consequência, a biodiversidade que nele habita.

Núcleo Museológico do sal

Partindo da experiência enriquecedora que obtive quando visitei este lugar e que repeti recentemente, antes de iniciar o trilho recomendo uma sessão de apresentação das salinas aqui no Núcleo Museológico do Sal, onde ficará a conhecer boa parte da sua história, que segundo se sabe, iniciou a produção do sal em meados do Século XII. Além do que nos é dado a conhecer pela bióloga local, é mostrado um vídeo intitulado “O Voo do Flamingo” com conteúdo gravado na zona, podendo a partir dele obter melhor ideia de tudo o que pode ver e conhecer aqui e na Ilha da Morraceira.

Na atualidade, a quase totalidade dos consumidores desconhece a diferença entre o sal marinho tradicional, o sal marinho industrial e o sal gema. Nas prateleiras dos hipermercados, desperta mais atenção a marca e o preço. Aqui no Núcleo Museológico do Sal pode ficar a conhecer essas diferenças e ainda as qualidades da Flor de Sal, bem como informação diversa ligada à safra e a algumas atividades que decorrem ao longo do ano subordinadas ao tema, “o sal e as salinas”, uma das quais em agosto, quando se celebra a safra à moda antiga.

Salinas do Corredor da Cobra

Estas salinas são conhecidas por Salinas do Corredor da Cobra, nome que nos despertou curiosidade e sobre o qual não conseguimos saber a origem. Fala-se que pode ter derivado do corredor longitudinal em madeira que as divide, mas depois do vídeo que vimos no núcleo museológico do sal e de observarmos a zona através do google maps, estamos convictos que a origem do nome está diretamente ligada ao serpentear do percurso da água antes de entrar na área da salina (*), um caminho longo que visa aumentar a salinidade da água, passando por varias fases até chegar aos cristalizadores.

(*) Todas as salinas tem um percurso assim e, na Ilha da Morraceira, existe uma salina com nome semelhante, a “Salina do Corredor do Sol”.

Salinas após a época de produção (outubro)

PR6 Rota das salinas da Figueira da Foz

As Rota das Salinas da Figueira da Foz é um percurso circular, com extensão que totaliza pouco mais de 4,5 km. As salinas encontram-se localizadas nas proximidades da foz do Rio Pranto (margem esquerda), embora toda esta zona seja mais conhecida como estuário do Rio Mondego, local onde desagua o rio anteriormente referido.

Contam os marnotos de mais idade que o número de salinas nesta zona chegou a passar as 200, hoje não chegam a meia centena, mais precisamente 37, segundo informação que nos foi dada no núcleo museológico do sal.

Para que o sal possa ser produzido é indispensável um elemento essencial, o sol, necessário à evaporação da água, deixando os cristais de “Cloreto de Sódio” nos cristalizadores, razão pela qual a atividade salineira ocorre apenas durante os meses mais quentes do ano, no geral desde maio a setembro, ou mais cedo, consoante as condições climatéricas.

Lá ao fundo a Ponte Edgar Cardoso

Como os canais e valas de água que aqui existem estão sujeitos à subida e descida das marés, acabam por ser criados sapais onde uma variedade grande de aves encontra alimento. Entre elas encontram-se a garça-branca, a garça-real, a andorinha do mar, o pernilongo, o corvo marinho, o pato bravo, uma quantidade enorme de flamingos, e outras aves que não conseguimos identificar. À exceção dos flamingos e dos patos bravos, as restantes aves mostraram ser evasivas a cada vez que avistam o ser humano.

No que toca à vegetação, existem por aqui espécies arbustivas difíceis de encontrar em terrenos que não tenham esta salinidade. A uma delas os marnotos chamam de “cachelro“, tem o nome técnico de salicórnia e na atividade salineira é considerada uma erva daninha. Existem outras, como a gramata sarcocórnia, a espergulária, a tamargueira e a morraça. Desta última deriva o nome atribuído a um destes lugares, a Ilha da Morraceira, circundada pelo Rio Mondego.

Minho de maré das doze pedras

O trilho pedestre segue em direção ao Moinho de Maré das Doze Pedras, ora entre salinas ora à beira de valas e canais. É um percurso fácil, quase todo ele sem inclinação, que aqui e ali passa ao lado de barracas de madeira, outrora armazéns de sal no tempo em que estas salinas fervilhavam de vida. Na atualidade, as condições que a maioria das salinas apresenta, são um habitat privilegiado para as aves mencionadas anteriormente.

Antigos armazéns de sal

Após conhecer este trilho vim aqui várias vezes, mas apenas em três delas consegui encontrar a colónia de flamingos que aqui vem durante os meses mais quentes do ano em número generoso. Numa dessas vezes fui brindado com a quantidade maior de flamingos que alguma vez imaginava ver em Portugal, encontravam-se na zona oposta ao Museu do Sal, ou se preferir, na zona mais distante do núcleo museológico, próximos do Moinho de Maré.

Flamingos

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Vídeo sobre as salinas e a Rota das Salinas da Figueira da Foz

Localização e como chegar

Chegar ao Núcleo Museológico do Sal é fácil. De norte ou do sul tem a estrada nacional N109, que atravessa o Rio Mondego na ponte Edgar Cardoso. Como opção tem a autoestrada A17, saindo no nó de ligação com a A14 e posteriormente seguindo no sentido da Figueira da Foz. Se preferir os transportes públicos tem a rede de expressos ou o comboio, Figueira da Foz é servida pela linha do caminho de ferro. Posteriormente terá de apanhar o Táxi ou o Uber.


Ver mapa maior

Onde ficar alojado na periferia

Na periferia da Figueira da Foz tem muito para visitar, por esse motivo, pode necessitar de alojamento quando decidir visitar o núcleo Museológico do Sal e percorrer a Rota das Salinas. Deixo algumas recomendações:

  • Se for sua intenção espaço e poder desfrutar em pleno do fim de semana, tem o Condomínio do Cabedelo, com sala, cozinha e casa de banho privativas, excelentes vistas para o mar e em zona pouco movimentada. Não está entre as opções mais baratas, mas é uma das melhores opções de hospedagem por aqui.
  • Se preferir ficar na Figueira da Foz, um dos hotéis mais populares da cidade é o Eurostars Oasis Plaza, de quatro estrelas. Fica em frente à praia, tem quartos espaçosos e instalações excelentes, e ainda um pequeno-almoço muito bom.
  • Se procura alguma opção mais em conta, considere os hotéis EXE Wellington ou Sweet Atlantic Hotel & Spa. São dois hotéis onde ficará igualmente bem instalado. Se escolher o Sweet, ficará junto à praia, por isso conte com valores um pouco mais elevados, mas com serviço mais completo.

Outros locais de visita nas proximidades

Palácio Sotto Mayor – Figueira da Foz
Castelo de Montemor-o-Velho

Reportagem sobre as salinas da Figueira da Foz


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