Visitar Elvas – cidade quartel fronteiriça

Elvas é uma cidade raiana portuguesa localizada no Alto Alentejo, no distrito de Portalegre. Pela sua curta distância a Badajoz (Espanha), Elvas foi considerada a praça forte mais importante da fronteira portuguesa, de onde resulta o cognome que lhe foi atribuído – “Rainha da Fronteira”, tendo sido outrora a cidade mais fortificada de toda a Europa. Foi conquistada aos mouros em 1166, mas só seria integrada em território português em 1229 por D. Sancho II. Em 1513 foi elevada à categoria de cidade pelo Rei D. Manuel I.

Elvas…

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Conteúdos deste artigo

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Elvas – Património Mundial

As muralhas seiscentistas de Elvas fazem desta a cidade com a maior fortificação abaluartada do mundo, que em 2012 lhe valeu a inscrição na lista da UNESCO como cidade Património Mundial, onde se incluem o forte de Nossa Senhora da Graça e o forte de Santa Luzia, os fortins da Piedade, de São Pedro e de São Domingos, o centro histórico da cidade e o Aqueduto da Amoreira, uma obra monumental, iniciada no século XVI, que viria a ser concluída em 1622, quando a água começa a correr na fonte da misericórdia.

Aqueduto da Amoreira – Elvas

Protocolo transfronteiriço EuroBEC

Na atualidade, tendo como objetivo principal o desenvolvimento da região, Elvas e Badajoz assinaram um protocolo transfronteiriço denominado EUROBEC, ao qual se juntou Campo Maior devido à proximidade desta vila com as cidades supramencionadas. Com este protocolo as localidades envolvidas esperam conseguir atrair mais investimento às três urbes, bem como desenvolvimento cultural, turístico e económico, através da partilha de serviços, equipamentos e infraestruturas.

Património Edificado – Escola Superior de Biociências

Quando visitar Elvas

A altura ideal para visitar Elvas vai depender da sua capacidade para suportar o calor ou ao frio, porque apesar de muito quente no verão, no inverno o termómetro chega a descer abaixo de zero. Nós visitamos Elvas em agosto, mas não recomendamos esta data, nesta altura do ano o clima que se faz sentir chega a ser insuportável. Nos dois dias que passamos em Elvas a temperatura chegou aos 40 graus, mas para que possa ter melhor ideia do calor que faz por aqui, há registo da temperatura ter chegado aos 46º quando decorria o verão de 2003.

Porta de Olivença, por onde entramos em Elvas

A viagem que fizemos a Elvas foi uma pequena aventura, decidimos viajar de comboio e por estranho que pareça, acabou por ficar mais barato do que viajarmos de carro. Para estadia de uma noite a bagagem era pouca e como o roteiro para este fim de semana se limitava à cidade, achamos não haver necessidade de transporte automóvel. Apanhamos o comboio no Entroncamento seguindo pela linha do leste até à última estação da CP em território nacional, a estação de Elvas. A composição seguia até Badajoz onde terminava a sua marcha.

Fonte de São Lourenço, um projeto do século XVIII concluído apenas em 2005

Posteriormente seguiram-se 50 minutos a pé até ao alojamento, na hora em que o sol se encontrava a chegar ao ponto máximo. O trajeto podia ter sido mais pequeno, mas o gps foi pouco colaborativo e apresentou-nos um percurso maior, um contributo para a aventura. Devemos salientar e agradecer o empenho da nossa anfitriã do alojamento, que não arredou pé até à nossa chegada.

Porta de São Vicente, por onde devíamos ter entrado em Elvas

Precauções que deve ter quando visitar Elvas

Quando visitar esta cidade, no verão é imprescindível usar protetor solar, vestuário fresco e confortável, e manter-se hidratado/a. Deve usar chapéu de sol e faça-se acompanhar sempre de uma pequena garrafa de água. Algumas ruas tem borrifadores de água que ajudam a controlar a temperatura, mas são poucas. Se vai com ideias de calcorrear por aqui para conhecer a cidade, procure mudar de calçado a meio do dia.

Fonte da Misericórdia, a primeira a ser abastecida pelo Aqueduto da Amoreira

O que visitar em Elvas

A nossa visita começou pelo almoço, que foi num dos restaurantes na periferia da Praça da Republica, a mesma onde se encontra o posto de turismo, a torre do relógio, a casa da cultura, a “Sé-Catedral”, e outros edifícios que merecem a nossa apreciação. É aqui que habitualmente se concentram em convívio os cidadãos de Elvas, e também o espaço recetivo para quem vem de fora. Como junto à praça fica a antiga Sé-Catedral de Elvas, foi para lá que nos dirigimos após o almoço tardio.

Igreja de Nossa Senhora da Assunção.

Localizada em pleno centro histórico, esta é a Igreja mais imponente de Elvas. A sua construção teve inicio em 1517, vindo a ser aberta ao culto vinte anos mais tarde ainda inacabada. Foi Sé-Catedral entre 1570 e 1881, quando a sede do bispado foi transferida para Évora. Inicialmente de estilo manuelino, veio a perder parte desta traça com as sucessivas alterações a que foi sujeita, ordenadas pelos bispos que tutelaram a diocese.

De salientar o portal neoclássico na fachada principal e os portais manuelinos nas laterais . No interior outros elementos decorativos prendem a atenção de que a visita, como as pinturas das abóbadas, o silhar de azulejos em volta, e uma esplendorosa capela-mor de estilo barroco decorada em mármore policromático de Estremoz. De destacar também o órgão no coro-alto, recentemente restaurado e por isso completamente funcional.

Igreja das Domínicas – antiga Igreja dos Aflitos

Da antiga Sé-Catedral subimos mais um pouco e a escassos metros visitamos a Igreja das Domínicas, ou antiga Igreja dos Aflitos, construída no local onde existiu uma antiga igreja da ordem templária. É uma igreja em abobada, de planta circular e com o interior totalmente revestido em azulejos do séc. XVII. Esta igreja possui um miradouro a partir do qual se observa grande parte do centro histórico da cidade. A partir dele observamos a chamada Porta de Tempre, ou Porta do Templo, da primeira cerca islâmica, e o pelourinho, dois pontos anotados no nosso roteiro.

Encantadora Rua das Beatas

Subimos mais um pouco e depressa chegamos ao largo onde se encontra a Igreja de Santa Maria de Alcáçova, outrora uma mesquita islâmica que foi adaptada a igreja cristã. Não vimos como era o seu interior por se encontrar fechada à data da nossa visita, mas aqui bem perto visitamos a Rua das Beatas, que dada a decoração floral, é considerada uma das ruas mais lindas de Elvas. Como já estávamos perto do castelo, seguimos em sua direção.

Rua das Beatas

Castelo de Elvas

Tal como tantos outros castelos, também este se situa no ponto mais alto da cidade. Consta-se que a sua construção é de origem islâmica e no interior acolhia o alcaide de Elvas. Ao longo dos anos perdeu a importância defensiva de outrora o que acabou por ditar o seu abandono, mas a força de quem quis preservar a sua histórica conseguiu organizar um processo de restauro e em 1906 é considerado monumento nacional. À data da nossa visita não tivemos acesso à torre de menagem, mas um bar intramuralhas que dispunha de água fresca, foi de grande utilidade.

Porta da Esquina

O fim do dia ainda estava longe, mas o horário dos espaços visitáveis aproximava-se do fim. Decidimos caminhar sem rumo pelas ruas da cidade, passamos no Hotel Vila Galé Collection e chegamos à terceira e última porta de entrada em Elvas – a Porta da Esquina, que para nós é a mais encantadora. Sobre esta porta foi erguida uma capelinha evocada a Nossa Senhora da Conceição, tornando esta porta de entrada singular e única. Ao lado da passagem para esta porta pode ver-se um paiol circular, onde eram guardadas munições militares e outro equipamento explosivo.

Porta da Esquina – Elvas

Património edificado de Elvas

Continuamos a calcorrear pelas ruas de Elvas e deparamos com um vasto património edificado que reivindica a nossa atenção e apreciação, não apenas edifícios históricos, mas também edifícios militares, religiosos e outros de habitação, é uma arquitetura que nos arrebata. Chegamos à principal entrada em Elvas, uma entrada de serviço localizada junto ao baluarte de São João de Deus e ali saímos do centro histórico a fim de melhor admirarmos o Aqueduto da Amoreira.

Torre Fernandina
Arco do Bispo

Monumental Aqueduto da Amoreira

O Aqueduto da Amoreira é uma obra gigantesca que outrora serviu para levar água a Elvas vinda de uma nascente localizada a aproximadamente 8 quilómetros. Inicialmente em galerias subterrâneas, a água seguia depois ao nível do solo e posteriormente pelo aqueduto, seguindo em posição elevada, apoiado em arcadas que na parte mais alta chegam a superar os trinta metros. Dada a escassez de água que a cidade vivia, esta monumental obra veio solucionar de vez esta situação. A construção foi ordenada pelo Rei D. Manuel I e financiada por impostos suportados pela população.

Forte de Santa Luzia

No dia seguinte começamos por visitar o Forte de Santa Luzia, fica fora do centro histórico mas acessível a uma simples caminhada. Dentro do forte pode ver-se a casa do governador e um pequeno museu com alguns artigos militares, mas o que mais admiramos foi a existência de uma passagem subterrânea secreta que permitia a comunicação com a zona interior do perímetro muralhado de Elvas. A tipologia de muralhas do forte é igual às da cidade.

Passagem secreta – os primeiros 100 metros

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Por nos encontrarmos sem transporte próprio, decidimos não incluir no nosso roteiro o Forte da Senhora da Graça. No entanto e, face a alguma informação que adquirimos sobre o lugar, recomendamos a visita.

Forte da Senhora da Graça – Elvas Fonte desta imagem: Tripadvisor – autor desconhecido

Igreja do antigo Convento de São Domingos

No regresso do forte de Santa Luzia dirigimo-nos ao convento de São Domingos a fim de uma visita, sei que por algum motivo não visitamos, mas não consigo recordar qual, penso que por estar a ser celebrada a Eucaristia…(?). Foi fundado em 1267 mas sofreu várias modificações até aos dias de hoje. Após a extinção das ordens religiosas, o que restou do convento serviu para albergar o quartel militar, onde hoje se encontra o Museu Militar de Elvas, o próximo ponto da nossa visita a esta cidade fortificada.

Igreja do convento de São Domingos

Museu Militar de Elvas

Em 2006 o Regimento de Infantaria Nº8 foi extinto, fruto da reestruturação do exército, e no mesmo espaço nasceu um museu que permite mostrar parte do acervo museológico e patrimonial do exército português. Este é um dos maiores museus do país, onde se pode ver um conjunto de elementos de interesse ligados às forças militares terrestres portuguesas.

O Unimog conhecido por “burro do mato”

Além do acervo museológico, o visitante pode igualmente ver a monumentalidade das instalações, onde se incluem as muralhas, as camaratas do quartel, os claustros do Convento de São Domingo e a fonte de S. José. No interior do museu há de tudo um pouco, desde arreios e metralhadoras transportadas em cavalos ou mulas, a medicina militar, instrumentos musicais, os famosos “burros do mato” e as Berliet-Tramagal, veículos blindados e muito mais.

Berliet-Tramagal e os jipes UMM

Sendo nós, os autores deste blog, pouco adeptos de visitar museus, este terá sido um dos que visitamos com conteúdo mais rico e que melhor justifica a entrada.

Claustros do convento de São Domingos.

Onde ficar alojado em Elvas

Quando visitamos Elvas ficamos na Residencial António Mocisso Guesthouse, que para nós será a primeira opção quando um dia regressarmos a esta cidade. Se necessitar de mais alojamento em Elvas recomendamos os seguintes:

  • Em zona fora do centro histórico tem o Monte da Graça, com piscina, parque infantil e excelente classificação.
  • Outra opção muito boa é o Vila Gallé Casas de Elvas, localizado dentro do perímetro histórico da cidade e igualmente bem classificado.
  • E se procura uma opção diferente, na qual pode confecionar as suas próprias refeições, tem o The Bastion Elvas Apartments, onde cada unidade tem cozinha e casa de banho privativas.

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Arcadas da Casa da Cultura, antigos passos do concelho

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Outros locais de visita nas proximidades

Quando visitar Elvas, se vier com tempo pode aproveitar e visitar Badajoz que fica pertinho, logo do outro lado da linha de fronteira. Não muito longe daqui tem a outra urbe do protocolo EuroBEC, a vila de Campo Maior, e para um fim de semana prolongado, dou como sugestão este pequeno roteiro pelo Alentejo Interior. Se procura outras opções use o nosso motor de busca, certamente irá encontrar algo do seu agrado.

Localização e como chegar


Ver mapa maior

A cidade de Elvas fica no centro de Portugal junto à linha de fronteira, a 210 km de Lisboa cidade capital. Para chegar a Elvas tem como opção a autoestrada A6 que vem do centro do Alentejo, ou a nacional N246 que vem da zona norte. Tem como opção o autocarro, ou transporte ferroviário, neste caso a linha do Leste com ligação à linha do norte no Entroncamento. Veja aqui horários.

Alexandre & Adelaide, autores do blog EstradaFora.

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