Passadiços da Ribeira das Quelhas
A Ribeira das Quelhas, adiante mais designada por Ribeira de Quelhas, uma designação mais usual e mais popular, é um afluente da Ribeira de Pêra que por sua vez é também ela afluente do Rio Zêzere, sendo este último um afluente do Rio Tejo. A origem do nome desta ribeira vem da forma dos canais por onde a água circula, geralmente estreitos, quelhas rochosas e penhascos de xisto que resultam em idílicas cascatas, cada uma com seu poço de águas cristalinas, que convidam a refrescantes mergulhos nos dias mais quentes de verão.
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Conteúdos deste artigo
- Curiosidades e encantos do Lugar
- Dicas de visita
- Quando visitar a Ribeira das Quelhas
- Passadiços da Ribeira das Quelhas
- Localização e como chegar
- Outros locais de visita nas proximidades
- Onde ficar alojado – recomendações
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Curiosidades e encantos do lugar
Esta ribeira tem como origem a Nascente dos Seixinhos situada numa das vertentes da Serra da Lousã, no lugar conhecido pelo nome de Santo António da Neve, nome que lhe foi atribuído por ser o lugar onde outrora existiram uns poços de neve, que serviam para armazenar a neve caída durante o inverno e conservá-la até ao verão. Posteriormente a neve era transportada para Lisboa a fim de refrescar a corte portuguesa nos dias mais quentes de verão, um pouco à semelhança do que fazia a Fábrica de Gelo de Montejunto.
Sendo este um lugar com enquadramento paisagístico maravilhoso e uma das maiores maravilhas naturais da Serra da Lousã, a Câmara local decidiu construir uns passadiços na margem direita desta linha de água para que este lugar pudesse ser acessível de forma mais segura a um público mais abrangente, ao invés de ser acessível apenas a pessoas mais bem preparadas fisicamente. Esta é uma infraestrutura que veio contribuir para valorizar a região, trazendo até si turistas, apaixonados pela natureza…, e apaixonados por lugares assim.
Dicas de visita
Uma vez que estes passadiços se encontram numa encosta, que é também uma zona aberta com sombras quase inexistentes, o verão não é recomendável para os vir percorrer, exceto se tiver possibilidade de o fazer pela manhã, ao fim do dia, ou em dias de sol “envergonhado”. Uma vez que o percurso destes passadiços é sempre a subir, deve evitar percorre-los a meio do dia em pleno verão e em dias de sol intenso. Leve consigo apenas o indispensável, uma garrafa de água de meio litro, chapéu, o telemóvel…, e pouco mais.
Para percorrer estes passadiços não existem custos agregados. No início existem algumas sombras, mesas onde pode lanchar ou merendar, e zona onde estacionar. Este passadiço dispõe de alguns pontos de descanso ao longo da subida e é um percurso de ida e volta, exceto se pretender continuar pelo PR2 – Rota da Água e da Pedra quando chegar lá acima. Com a ligação ao PR2 construída recentemente, o numero total de degraus deverá rondar os 1600 (?) – a parte antiga tem 1096.
Quando visitar a Ribeira das Quelhas
A nossa recomendação vai para a primavera ou o outono, mas de preferência o outono. No inverno evite fazê-lo com neve devido ao risco de acidentes. No verão evite o calor extremo, não será confortável nem agradável. Tal como referido anteriormente, no verão deixe os passadiços para o fim da tarde, pelas horas de calor use e abuse de uns mergulhos na praia fluvial de Poço Corga, é uma praia de águas límpidas e cristalinas, com boas infraestruturas e fica apenas a 5 km dos passadiços. A juntar a isso, lá em cima ao fim do dia pode apreciar um maravilhoso por-do-sol na linha do horizonte.
Passadiços da Ribeira das Quelhas
Já aqui tinha vindo anteriormente em épocas do ano diferentes. Estes degraus que parecem infinitos já os tinha subido e descido outras vezes, mas foi agora, no mês de novembro, com as cores outonais em todo o seu esplendor e as cascatas com melodia mais expressiva, que viemos encontrar este lugar com outro encanto. A cada degrau que subimos o cenários para fotografar sucedem-se, requerendo pouco esforço no sentido de encontrar conteúdo fotográfico, em oposição ao esforço físico necessário para seguir no sentido ascendente.
Há quem lhe chame o “Evereste” da Serra da Lousã. Na parte inicial o percurso usufrui de alguma sombra fornecida pela ramagem de castanheiros e carvalhos, e ali mesmo ao lado a melodia relaxante dá água que corre na ribeira. Alguns metros depois deparamo-nos com um espaço mais amplo e mais aberto, e uma ideia mais clara do desafio que temos pela frente. Com calma, descontração e algumas paragens, a subida fica um pouco mais fácil. À medida que subimos, a vista torna-se arrebatadora e os miradouros construídos em alguns pontos estratégicos despertam a nossa atenção.
Sendo esta uma zona onde existe pedra em abundância e água a escorrer pelas vertentes, ambas foram argumento para o nome do percurso pedestre atravessado pelos passadiços. Nos terrenos férteis ao fundo das encostas que, circundam os Coentrais, ainda se encontram algumas manchas florestais onde predominam castanheiros e em maior quantidade carvalhos, duas espécies nativas, de folha caduca, que realçam a magia do lugar nos meses de outono.
Estas manchas florestais, que se encontram localizadas na “porta” sul da entrada na Serra da Lousã, são um dos refúgios da biodiversidade mais bem conservados da região. Diversas espécies de fauna e flora encontraram aqui abrigo, levando a região a ser reconhecida através da integração na Rede Natura 2000.
A Ribeira de Quelhas corre num vale encaixado, ladeada por encostas de acentuado declive, compostas por fraguedos rochosos onde predominam o granito e o xisto, onde a ausência de vegetação e solo arável levam a que a água que escorre encosta abaixo não fique retida e encontre depressa a ribeira. Por aqui existem percursos pedestres, levadas e quedas de água, que são um permanente convite para uma visita a esta zona e à Serra da Lousã.
A paisagem envolvente ao passadiço da Ribeira de Quelhas é uma espécie de quadro com a tela preenchida por cores, sons e odores, que variam consoante as estações do ano. A primavera é marcada pela paleta multicolor de urzes e carquejas e outras espécies arbustivas, com as encostas pintalgadas em vários tons onde predominam o lilás e o amarelo, emanando odores adocicados num extenso manto sobrevoado por várias espécies de seres vivos primaveris.
O verão faz sobressair os tons azuis, reduzindo a ribeira a um mero fio de água, a época do ano em que em nossa opinião a ribeira tem menos encanto. No outono as árvores de folha caduca revelam a sua metamorfose de tons quentes, que se fundem com o cheiro da terra húmida antes da nudez completa na época que se avizinha. O inverno alimenta o caudal da ribeira e concede nobreza às quedas de água, que nesta altura nos permitem um espetáculo visual e sonoro único. Nos dias mais frios de inverno podemos ainda ser agraciados com um manto branco sobre o serpentear de madeira que sobe encosta acima.
Chegamos ao topo e uma vez aqui respiramos fundo, uma sensação de alívio que ao mesmo tempo serve para dar uma lufada de oxigénio aos pulmões.
A partir daqui obtemos vista privilegiada sobre a paisagem envolvente e sobre as escarpas rochosas por entre as quais correm estas Quelhas de água. Caminhamos um pouco pelo PR2 até chegarmos ao ponto onde este cruza com a ribeira, a fim de saciarmos a sede na pureza destas águas, mas o mato denso impossibilitou. Iniciamos a descida e agora de pulmões mais folgados, a carga física passa a estar única e exclusivamente em cima das pernas.
Regressamos ao miradouro da crista do galo e fazemos nova contemplação. À medida que os degraus descem sobre as escarpas rochosas, as quedas de água nos poços adjacentes proporcionam uma paisagem repleta de emoções, e acabamos por não resistir a uma ou duas saídas do passadiço a fim de alguns click’s em zonas mais próximos de alguns cenários, mesmo que para isso seja necessário “desbravar” mato.
Na ultima parte do passadiço, que é também a zona mais aplanada, a ribeira corre mais melodiosa, menos voraz, e a sombra proporcionada pelos carvalhos, amieiros, castanheiros e outras espécies arbóreas, parece aguardar-nos para nos reconfortar de todo o esforço anterior.
Tendo em conta o desnível acumulado se cifrar na casa dos 320 metros ao longo de 1 km de extensão, estes passadiços não se adequam a pessoas com limitações motoras ou outras semelhantes, no entanto essas limitações não são impedimento de uma visita a este lugar, incluindo a Serra da Lousã e suas maravilhas. As Aldeias de Xisto e nos meses de setembro a novembro A Brama dos Veados, são apenas duas ótimas dicas de visita, mas esta serra tem outros encantos…
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Se gosta de chanfana, numa visita a esta zona este é um prato gastronómico que deve considerar, uma vez que este é um prato gastronómico típico aqui da região, uma das iguarias que degustamos quando calcorreamos por aqui.
Localização e como chegar
Os passadiços da Ribeira de Quelhas ficam numa encosta da Serra da Lousã junto à aldeia do Coentral, a 10 km de Castanheira de Pêra (sede de concelho), no extremo norte do distrito de Leiria, a sensivelmente 240 km de Lisboa e 190 km do Porto. Para quem vem de Lisboa recomendo a A1 e posteriormente a A13, saindo na ligação com o IC8. Siga posteriormente as indicações do gps que lhe darão o caminho mais adequado até até ao lugar.
Se vem do Porto apanhe a A1, posteriormente a A13-1 e de seguida a A13, saindo em Avelar. Apanhe o IC8 e siga as indicações do gps tal como dito anteriormente. Se prefere as nacionais, recomendo o IC2 até Pombal e de seguida o IC8, seguindo de novo as indicações do gps até aos passadiços da Ribeira de Quelhas.
Outros locais de visita nas proximidades
Uma vez que se encontra nas proximidades, porque não fazer uma pequena rota por estas seis praias fluviais, foram selecionadas para este artigo segundo os nossos critérios. Dê uma espreitadela…
Uma das praias fluviais anteriormente referidas encontra-se em Oleiros, veja aqui um pouco do que pode ver e fazer por lá.
Além das águas cristalinas da praia fluvial Poço Corga anteriormente referidas, se vier em época de veraneio pode aproveitar o fim de semana para usufruir de alguns momentos de lazer na Praia das Rocas em Castanheira de Pêra, a primeira praia fluvial do país com ondas artificiais.
Onde ficar alojado na zona
Se necessitar de alojamento na zona, seja para percorrer os passadiços da Ribeira das Quelhas ou para visitar a Serra da Lousã, a meio caminho entre Castanheira de Pêra e os passadiços tem um excelente alojamento, o Turismo de Natureza Villa Rio, localizado paredes meias com a praia fluvial do Poço Corga.
Em Castanheira de Pêra e com excelentes vistas para a Praia das Rocas tem uma opção mais em conta, os Bungalows da praia das Rocas. Siga o link e veja as imagens…
Uma opção que combina o rústico com clássico com e o contemporâneo, embora que por valores um pouco mais elevados, é a Casa Fundeira – Quinta dos Esconhais, fica a 1km do centro de Castanheira.
A ultima das opções que recomendamos é a Casa Bizarra, com excelente oferta, boas acomodações e bem classificada no Booking, encontra-se situada na periferia de Castanheira de Pêra.
Se nenhum destes alojamentos reúne as suas preferências veja aqui outras opções.
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Bem haja…