Door Knockers and Handles

As fotos publicadas neste artigo são de lugares diversos e foram conseguidas ao acaso. Face à experiência e conhecimento subsequente, este tema e o seu conteúdo irá continuar a merecer a nossa atenção e dedicação, e estamos convictos que irá surgir outro post semelhante a publicar futuramente.

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Se você é uma pessoa que gosta de passear e de conhecer novos lugares, não apenas natureza ou lugares paradisíacos, mas também aldeias, vilas e cidades, percorrer as ruas e ruelas das zonas históricas de cada povoado que decide visitar, observar cada detalhe e explorar cada recanto, é uma atividade que certamente não dispensa. Cada rua tem os seus becos, as suas fachadas e o seu colorido… É habitualmente nas zonas históricas que se encontra muito do comércio tradicional, em estabelecimentos comerciais que parecem ter parado no tempo, mas não só, também a cafetaria e restauração, onde pode repor algumas energias e repousar um pouco, enquanto aprecia a arquitetura antiga envolvente a partir de alguma explanada local…

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Conteúdos deste artigo

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Por mais atentos que sejamos escapa-nos sempre alguma coisa, algum pormenor, o nosso olhar capta o que nos desperta mais atenção, o que se destaca. Um dos pormenores que quase sempre nos passa despercebido são as aldrabas e os batentes de porta, não os que se colocam habitualmente em zona estratégica para limitar a abertura, mas aqueles onde dirigimos a mão para abrir, puxar ou empurrar a porta (consoante ela esteja aberta ou fechada) e chamar quem esteja do lado de dentro. Além da utilidade prática, as aldrabas tem mais história do que aquela que aparentam, tal como muitas das portas onde se encontram aplicadas.

História e evolução das Aldrabas

As aldrabas nem sempre tiveram a função de acionar a abertura da porta através do desbloqueio de um simples trinco, inicialmente eram feitas de materiais variados e nem todas tinham mecanismo giratório. Muitas eram um simples puxador, o qual algumas vezes acumulada a função de batente usado para chamar, hoje substituído pelas campainhas elétricas e mais recentemente pelas câmaras de imagem. No início o material mais usado era a madeira, substituída progressivamente pelo metal composto, com o corpo principal em ferro e revestimento total ou parcial por um folheado de bronze ou latão. Posteriormente surgiu o metal prensado ou fundido, que veio permitir uma variedade mais alargada no design das aldrabas, transformando a utilidade desde acessório num componente decorativo.

O interesse por este acessório, por sua utilidade prática e componente decorativa foi tal que, em 1878, o inventor afro-americano Osborn Dorsey decidiu registar a primeira patente para um aldraba com mecanismo interno de fecho da porta. Com a revolução industrial e a disponibilidade de diferentes materiais, os puxadores e aldrabas evoluíram de funcionais para decorativos, e as gamas de design expandiram-se com as tendências da altura.

Terá sido entre 1850 e 1900 que este acessório teve maior desenvolvimento. Na Europa produziam-se maçanetas de cerâmica e da China eram importados puxadores e maçanetas de porcelana, vindo juntar-se a outros que já existiam em vidro prensado ou lapidado, embora este grupo de materiais fosse mais adequado para utilização em interiores.

As aldrabas, puxadores, batentes e outras ferragens das portas, tornaram-se cada vez mais predominantes após a revolução americana, quando os Estados Unidos começaram a produzir os seus próprios produtos em substituição dos mesmos importados da Europa. Nos Estados Unidos, entre 1830 e 1873 foram registadas mais de 100 patentes sobre maçanetas e aldrabas sem mecanismo de abertura. O primeiro registo de uma maçaneta com mecanismo de abertura foi apenas em 1878, que entre nós é usualmente chamada de aldraba, quando composta por uma argola com forma circular ou semelhante. Face à evolução deste acessório, em 1846 começam a ser produzidas em metal fundido, vazado em moldes de “areia”.


Em tempos idos, o design da porta da entrada principal de uma habitação dizia muito sobre a família que ali vivia, sobre a sua classe e estatuto social. Ao design da porta juntavam-se as ferragens e outros acessórios, onde se incluem as maçanetas, aldrabas, puxadores e batentes de chamar. Acredita-se até que tenha existido “competição” entre famílias, não apenas sobre o design da porta, mas também sobre este tipo de acessórios. Cada design tinha o seu significado…, e uma história para contar.

Batente “Mãos de Fátima”

Um dos modelos mais conhecido e mais usual entre nós é a chamada “Mão de Fátima”, que no estado figurativo se traduz por uma mão feminina, fixa pelo pulso a um eixo e colocada na porta em posição vertical invertida, caindo sobre si a utilidade de bater à porta e chamar quem estivesse do outro lado. Neste caso acumulava também a função de amuleto, para afastar o mau olhado. Estes batentes são normalmente entendidos como uma herança cultural árabe ou berbere, que invocam Fátima, filha de Maomé, o que se reflete na designação que lhe é atribuída: “Mãos de Fátima”.

Este tipo de batente pode ser encontrado de forma isolada ou aos pares, por exemplo em portas de duas empenas. Como amuleto ou talismã, este suporte pode surgir acompanhado de outros símbolos, como o crescente, o pentalfa, o corno ou a ferradura, a reforçar o seu papel protetor.

Se as mãos anteriores tem mais semelhança às mãos de uma criança, o mesmo não acontece com a mão da imagem que se segue. Tendo em conta os dedos elegantes, esta é claramente a mão delicada de uma senhora, sugerindo igual delicadeza nos batimentos quando usada para chamar alguém.

Uma teoria de pouca consistência refere terem existido portas com este tipo de batente, com uma mão masculina e outra feminina, produzindo ambas sons diferentes. O Islão considera inadequado ser uma mulher a abrir a porta a um homem. Com batentes diferenciados no género, e por consequência de peso diferente, o visitante fazia uso do batente que lhe correspondia e, pelo som da batida, era recebido pela pessoa que lhe correspondia.

Créditos destas duas imagens: The Plural Of Hyena e gromae.tumblr.com

Aldrabas em ferro forjado

Mais úteis do que os batentes de chamar eram as aldrabas, em muitos casos ainda continuam a ser, principalmente pelas aldeias do interior do país. As verdadeiras aldrabas de porta eram mais do que um meio usado para chamar quem estivesse do outro lado, elas tinham também a particularidade de soltar ou libertar um mecanismo de fecho que se encontra pelo lado de dentro. Com os ferreiros a conseguir meios mais minuciosos e sofisticados de trabalhar o ferro, progressivamente foram surgindo aldrabas nas mais variadas formas, umas de design mais trabalhado, outras mais úteis e práticas.

Batentes em ferro forjado

Do conjunto das aldrabas, nem todas tinham a função de libertar o mecanismo de fecho, algumas tinham apenas a função de puxador e batente, ou ambos. O grupo que se segue é um pequeno exemplo, em ferro forjado, cuja função era simplesmente bater à porta e chamar quem estivesse do lado de dentro.

Batentes em latão e bronze

O conjunto destes batentes tem a mesma função dos anteriores, embora tenham sido elaborados em materiais mais nobres. São batentes de designes diversos, em latão e/ou bronze, e os mais antigos serão eventualmente de meados de século XX. Um dos batentes que pelo seu design desperta alguma atenção é o busto de uma mulher, que ao observar nos faz parecer uma camponesa carregando uma giga à cabeça, que segura com ambas as mãos. Alguma informação conseguida, embora pouco consistente, refere ser a Deusa Grega Afrodite(?). Na mitologia grega , Afrodite é a deusa da beleza, do amor e da sexualidade, e de onde eventualmente resulta o termo “afrodisíaco”. Na mitologia romana era chamada de Vênus…(…)

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A Deusa Afrodite, ou Vénus…

Batente e Puxador – “Aldraba” (em latão ou bronze)

Muitos designs foram inspirados na mitologia e na religião. O batente de porta com cabeça de leão segurando o anel, tornou-se particularmente popular no início do século XIX, continuando a ser um dos favoritos até hoje. O leão tem sido usado como símbolo na Grã-Bretanha (símbolo da Premier League, por ex.) e acredita-se que signifique força, poder, orgulho e proteção…, um batente de porta com cabeça de leão age como um guardião da casa. Sendo a cabeça de leão uma figura proeminente durante muitos anos, a sua simbologia cruzou oceanos e culturas, e encontrava-se amplamente presente nas colónias americanas.

Outros designs de batente e puxador.

A ferradura – amuleto e batente

A ferradura é ainda hoje um dos amuletos mais usado como forma de proteção contra as más energias. Hoje ainda é comum ver uma ferradura pregada na porta de entrada das habitações em várias aldeias dispersas pelo interior do país, ou fixada no para-choques de um carro, havendo quem prefira fazer-se acompanhar de uma dentro do carro sempre que circula. Em casa a ferradura podia ser fixa de duas maneiras, com as pontas para baixo ou para cima, dependendo do lugar escolhido, se no interior ou exterior da habitação. Para amuleto ou talismã era conveniente ser uma ferradura já usada e não podia ser roubada, de preferência devia ser achada e a quantidade de furos dos “cravos” devia sem impar. Atualmente o lugar mais popular para amuleto da sorte é no batente da porta da frente do lado de fora, onde desempenhará melhor a função protetora.

Batentes da atualidade – decorativos

Apontamentos e outras informações

  • Pode ver aqui a figura dos símbolos Pentalfa, Crescente, Corno, Ferradura e a Mão de Fátima, também conhecido por “cinco saimão”. Esclarecer apenas que o Pentalfa tem 5 vértices e não seis, como aparece em algumas imagens.
  • No texto deste artigo tentou-se diferenciar a Aldraba verdadeira, a mais completa, dos restantes modelos e do Batente de Chamar.
  • Face à dificuldade em conseguir informação descritiva sobre os vários designs, se o leitor estiver em posse de algum conhecimento que possa e queira partilhar, queira por favor entrar em contacto usando o formulário, será mencionada a origem da informação na respetiva legenda.

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Bem haja…

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