
Visitar a encantadora vila de Ericeira
Visitar a Ericeira é visitar uma vila encantadora, cheia de cor e vida, com fortes ligações ao mar e que desde à uns anos para cá tem vindo a ser progressivamente a preferência de surfistas de gabarito mundial. Na origem do nome acredita-se estarem os ouriços do mar uma vez que outrora foi chamada de Ouriceira, uma possibilidade forte dadas as ligações desta vila à atividade piscatória. Tal como noutras localidades, a pesca por aqui também tem vindo a diminuir, em oposição à atividade surfista que de ano para ano vai aumentando, o que permitiu a esta vila ascender ao segundo lugar nas melhores reservas mundiais de Surf, uma lista encabeçada por Malibu, na Califórnia.

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Conteúdos deste artigo
- Acontecimentos históricos relevantes sobre Ericeira
- Encantos da vila de Ericeira
- Quando visitar Ericeira
- Estátua de homenagem ao Jagoz
- Caminhos de poesia de Fernando Pessoa
- Casa da Cultura de Ericeira
- Colorido das ruas de Ericeira
- Monumentos, Igrejas e Capelas
- Passeio pela marginal de Ericeira
- Surf na Ericeira – praia de Ribeira D’Ilhas
- Outros locais de visita nas proximidades
- Onde ficar alojado
- Localização e como chegar
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Acontecimentos históricos relevantes
Em 1229 é atribuído o primeiro foral a Ericeira, concedido pelo Grão-Mestre da Ordem de Avis. Nessa carta de foral surgem as primeiras referências aos pescadores, onde o legislador teve o cuidado de proteger os seus direitos e deveres:
-”Quanto aos pescadores, deem a vigésima parte do pescado que matarem no mar. De doze peixes, levem um para conduto antes de darem a vigésima parte, e se matarem congro, comam-no. Do pescado que encontrarem morto, não paguem foro. De baleia, dêem a vigésima parte…(…).

O desenvolvimento desta vila deve-se principalmente ao porto de embarque, uma vez que noutros tempos a vila era habitada quase exclusivamente por pessoas que nele trabalhavam, era a “gente do mar”, famílias com cultura e jeito de falar próprios que vieram a ser denominados de Jagoz, hoje homenageados com uma estátua na Rua de Sto. António, junto à praia dos pescadores.
Sobre o Jagoz, falaremos mais abaixo.

O movimento comercial do porto da Ericeira tornou-o num polo fundamental para economia da região. Ali fundeavam embarcações que, ora transportavam produtos para a vila, e que a partir de Ericeira eram distribuídos para o interior do país, ora os exportavam para portos como os do Algarve ou das ilhas. À data a alfândega da Ericeira abrangia a extensão que ia desde Cascais até à Figueira da Foz, junto com o porto marítimo, era considerada a quarta mais movimentada de Portugal, mas a chegada do caminho de ferro (linha do oeste) e o progresso dos transportes terrestres, ditaram a decadência da atividade portuária que aqui existiu.

O embarque para o exílio da família real portuguesa foi outra das relevâncias que o porto de Ericeira conheceu, um acontecimento que assinala o termo do regime monárquico em Portugal. Na atualidade o porto marítimo já não existe, mas a importância comercial de outrora tem hoje correspondência na movimentação turística, com o turismo a desempenhar um papel fundamental na vida e na economia desta localidade. A curta ligação a Lisboa – cidade capital, as ondas que tanta fama lhe têm dado e o alto teor de iodo na água das suas praias, fazem desta zona balnear um lugar de eleição, atraindo turistas nacionais e estrangeiros.

Encantos da vila de Ericeira
A Ericeira é atualmente um destino muito cobiçado, uma vila de pescadores com muitos encantos e histórias para revelar. Aqui há praias para todos os gostos e mar com ondas carregadas de adrenalina para os surfistas. Percorra as ruas empedradas da vila e sinta a brisa marítima, admire os painéis azulejares da toponímia e os beirados coloridos do casario. Percorra os caminhos de poesia ou caminhe pela marginal sem perder o mar de vista. Veja a atividade surfista e o por-do-sol lá ao longe em descida rápida sobre o horizonte, enquanto bebe uma imperial ou aguarda pelo jantar numa das muitas esplanadas na marginal, ou nas várias marisqueiras dispersas pela vila..

Quando visitar Ericeira
A Ericeira pode ser visitada em qualquer altura do ano, não requer data específica, basta que tome as devidas precauções consoante a data da visita. Tenha em conta que durante a época de veraneio, a densidade populacional por aqui aumenta. Tendo em conta a proximidade a Mafra, cidade sede de concelho, pode planear a sua visita juntando algo mais que pretenda visitar por lá. O ideal era vir em dias de sol e mar com boas ondas, dessa forma poderia gastar algum tempo a ver os amantes do surf nas suas acrobacias.

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O que visitar na Ericeira
Estátua do Jagoz
Para quem desconhece, Jagoz é o termo utilizado para designar as pessoas de um grupo étnico-geográfico natural da vila da Ericeira. Independente da sua profissão, os habitantes da vila chamam-se Jagoz, é a “gente do mar”. Os habitantes de fora da vila são saloios, “gente terrestre”. O Jagoz nada tem a ver com os saloios, nem o aspeto físico, nem a maneira de ser, nem a sua psicologia. O Jagoz tem inclusive linguística própria. Jagoz foi o nome dado aos homens da vila de Ericeira e era um termo que não existia na língua portuguesa, foi adicionado à uns anos e colocado no dicionário pela Porto Editora

- Para o Jagoz só existem duas estações: “o berão e o imberno. De maio a outubro é o berão, o imberno são os restantes menzes”.
- Nos verões da Ericeira, os frequentes nevoeiros matinais são chamados de “néuva“, porém há sempre na vila alguém que diga “ist’ hoje inda vai abrir”
- Culinária: “a sopa de lagoista é uma especi`lidade, superior à caudêrada. A lagoista faz um caudo cor dum cinzento, qu`é de primeiríssima orde”.
- Um ditado Jagoz: “os marít`mos e os pescadores não têm hora de cumêri”.
O verdadeiro significado de Jagoz é totalmente desconhecido, mas acredita-se que seja o oposto total de Jagodes. Se assim não for, prefiro ficar pela personalidade que lhe foi atribuída: bravo, destemido, amigo, conhecedor dos segredos do mar, amante da liberdade, valente, criativo…
Caminhos de poesia de Fernando Pessoa
Com o objetivo de promover a leitura, os caminhos de poesia de Fernando Pessoa, dos quais fazem parte duas bibliotecas de rua onde o leitor pode levantar, devolver, ou doar livros, tem inicio junto à Capela de S. Sebastião e segue até à Praia do Sul. O percurso assinala os 130 anos do nascimento do escritor e ao longo do percurso, pode ficar a conhecer alguns dos seus poemas enquanto caminha pela marginal da vila.

Junto ao parque urbano de S. Sebastião, o espaço onde tem inicio os caminhos de poesia, há outros locais de interesse que vai gostar de conhecer. Aqui no parque pode visitar a Capela de S. Sebastião, construída no século XVI, com o teto em abóbada e todo o interior revestido a azulejo do século XVII.

A meia dúzia de metros da capela encontra-se o miradouro e um painel em azulejo, um dos vários que encontra dispersos pela vila, que lhe permitem conhecer um pouco melhor alguns acontecimentos que fizeram parte da história da Ericeira. A fonte, que também existe por aqui, ficará a conhecer após descer umas escadinhas, que no verão servem de acesso ao areal da praia. Ambos receberam igualmente o nome de S. Sebastião, tal como o parque urbano.


Casa da cultura de Ericeira
A casa da cultura da Ericeira situa-se no centro histórico da vila, num dos edifícios mais antigos e mais emblemáticos da região. Outrora este edifício funcionou como casino, razão pela qual ainda hoje é conhecido assim pelos residentes. A sua bonita fachada é de visita imperdível quando visitar Ericeira. Na atualidade, neste edifício realizam-se exposições de arte e outras atividades de índole cultural.

Perto da Casa da Cultura encontra-se a Praça da república, ou Praça do Jogo da Bola. É um espaço onde há um pouco de tudo à sua volta, principalmente comércio ligado à restauração e cafés. É um espaço que enche nas noites mais quentes de verão e onde numa das extremidades se encontra o posto de turismo. Por isso, para melhor conhecer Ericeira este é o lugar onde deve dirigir-se. No mesmo edifício, suba ao primeiro andar e visite o Centro de Interpretação da Ericeira Reserva Mundial de Surf.


A partir da praça visite também a rua Dr. Eduardo Burnay, onde é usual encontrar-se alguma exposição de fotográfica. À data da nossa visita fomos encontrar uma exposição fotográfica onde vários autores expuseram sobre a atividade surfista, com fotografias bem conseguidas.

O Colorido da Ericeira…
Outro local de visita imperdível é o Villa Brunch Café, tanto a entrada principal como o pátio localizado no interior do edifício. A decoração deste edifício é da autoria de um senhor, (penso que ainda seja o proprietário) que foi presidente da junta de freguesia da Ericeira e enquanto presidente, deixou a sua “marca” e a sua personalidade não apenas neste edifício, mas também em vários espaços públicos da vila.


As placas indicativas localizadas em alguns cruzamentos no interior da vila fazem parte do seu legado, tal como vários painéis azulejares onde se relatam acontecimentos que fizeram parte da história da Ericeira, ou outros conteúdos ligados à atividade marítima, como provérbios, e os diferentes tipos de nós de corda usados nas antigas embarcações.


Na zona mais a norte da vila, junto à Praia do Matadouro, existe um espaço que visto do exterior se assemelha a um jardim zoológico, chama-se Villa Ana Margarida, é alojamento local e propriedade da mesma pessoa, tem decoração semelhante. Por se encontrar fechado à data da nossa visita não nos foi possível ver por dentro, era janeiro, mas segundo nos foi dito, no verão encontra-se em normal funcionamento…, a receber hóspedes.

“Em cada canto a sua cor e o seu encanto.“
Quando visitamos Ericeira foi impossível passar-nos despercebido o colorido do seu casario, mas também a decoração de algumas das fachadas, nomeadamente os beirados do telhado, ombreiras, frontões de portas e janelas, as portas e janelas propriamente ditas, e outras mais… O azulejo é o que destaca mais. Veja alguns exemplos…




Com decoração semelhante podemos ver as fontes e chafarizes, onde o colorido e os tons alegres se mantém, com predominância para a cor azul sobre fundo branco. Segundo inscrição gótica, a Fonte do Cabo terá origem em 1457 e segundo uma lenda, quem beber água desta fonte ficará para sempre enamorado pela Ericeira, mas um aviso local desencoraja os mais sequiosos, diz ser “água não controlada”.

De dimensões mais pequenas, a centenária fonte do casino encontra-se inserida na malha urbana antiga da vila. É uma fonte muito bonita, com um painel de azulejos no espaldar que representa um Tritão a segurar numa das mãos um ouriço do mar, símbolo da heráldica de Ericeira, e na outra um búzio, usado no passado pelos pescadores como instrumento de aviso sonoro durante a faina.

Monumentos, Igrejas e Capelas
A Ericeira foi sede de concelho até 1855, tendo por isso um Pelourinho, o símbolo máximo da dignidade municipal. Alguns anos após o concelho ser extinto, como a população não lidou muito bem com a descida de estatuto da vila, decidiram enterrar o Pelourinho por receio que ele fosse roubado. Foi por iniciativa do Dr. Eduardo Burnay, antigo presidente da Câmara Municipal de Mafra, que o Pelourinho voltou ao seu primitivo lugar e lá se mantém até aos dias de hoje.

Também no centro da vila encontra-se o cruzeiro, um “monumento” comemorativo erguido em 1940 para celebrar várias datas, entre as quais a fundação da localidade em 1229. Aqui bem perto pode visitar também a Igreja da Misericórdia, e não muito longe a Igreja Matriz, ou igreja de S. Pedro.


Nos espaços religiosos a capela que mais gostamos de ver foi a de Nossa Senhora da Boa Viagem, toda ela revestida interiormente a azulejos. Atualmente é a capela de maior devoção na Ericeira e a mais venerada pelos Homens do Mar. No lado posterior da capela existe um pequeno santuário onde se encontra a Senhora da Boa Viagem, que fica iluminada durante a noite para que os pescadores a possam avistar durante a faina noturna – uma luz que os guia.

O adro desta capela, que é também um excelente miradouro, dispõe de um banco em toda a sua periferia onde a população local, e outra que visite a localidade, pode passar excelentes tardes soalheiras nos dias de inverno. Na lateral desta capela, um painel em azulejo assinala a data e o local onde a Família Real portuguesa embarcou para o exilio.

Passeio pela marginal da Ericeira
A parte mais antiga da vila da Ericeira é pequena e muito pitoresca, um dia é suficiente para a percorrer. A vila tem um ambiente descontraído, condizente com as formas de vida das suas gentes. Foi com essa descontração que seguimos em passeio, pela marginal, desde o parque urbano de São Sebastião até à praia da Baleia.

Passamos pela Ponte do Comando, o local onde se encontram instalados dois antigos canhões, um marco histórico que lembra a importância da defesa costeira em tempos idos. Nas Furnas, em algumas rochas fomos encontrar a continuidade dos azulejos anteriores, mas agora com provérbios inscritos, também eles com fortes ligações à atividade marítima.
- “Numa tempestade não se escolhe o porto”
- “Nem a preces nem a blasfémias lhes dá ouvidos o mar”

Aqui e ali também avistamos algumas rolas do mar, sempre muito atarefadas em busca de alimento.

Logo a seguir um outro canhão, mas bem diferente do anterior. A força das ondas que se esgueira pelas “grutas” rochosas, para de seguida se escapar pelas “Foles”. Um espetáculo natural que nos prende por breves momentos, na esperança de ver se a próxima onda vem com mais força e sobe mais alto que a anterior.


Surf na Ericeira – Ribeira D’Ilhas
Para o segundo dia do fim-se-semana que reservamos para conhecer Ericeira, tínhamos planeada uma ronda pelas praias, mas o clima mostrou-se pouco disposto a colaborar e fez-nos mudar os planos. Deixamos algumas imagens dedicadas à atividade surfista que se vive por aqui, nas quais se inclui a Praia de Ribeira D’Ilhas, uma das favoritas para a prática do Surf.



Outros locais de visita nas proximidades
Dependendo do tempo que tiver disponível, quando visitar Ericeira pode aproveitar e visitar também as Azenhas do Mar e o Parque natural de Sintra-Cascais. Dentro do parque natural de Sintra-Cascais pode visitar o Palácio Nacional da Pena, a Quinta da Regaleira e o Parque e Palácio de Monserrate. Se aprecia o Enoturismo, a nossa recomendação vai para Colares. Conheça as suas vinhas plantadas a grande profundidade e faça uma rota pelos vinhos desta região. São vinhos únicos, produzidos na única região de Portugal cujas vinhas sobreviveram à Filoxera

Onde ficar alojado/a
Se necessitar de alojamento quando visitar Ericeira deixamos duas ou três sugestões:
- Selina Boavista Ericeira, mais vocacionado para a juventude mas bem localizado, um espaço que recomendamos também para os “séniors”.
- Reserva FLH Hostels Ericeira, com excelentes vistas e todas as comodidades de que necessita. Ar condicionado, casa de banho privada e televisão de ecrã plano, são algumas das comodidades.
- Ericeira TreeGarden, um espaço diferente que conduz a uma experiência também diferente.
Localização e como chegar
A vila de Ericeira fica junto à costa, a uma hora de Lisboa e 15 minutos de Mafra, a cidade sede de Concelho. A estrada N247, uma das estradas portuguesas que dizem vale a pena percorrer (?) e liga Peniche a Cascais, pode ser uma boa opção para chegar à Ericeira, ela passa dentro da localidade.
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